Mais luminosa do que a árvore de Natal

Produtos naturais com origem nos Açores compõem os novos tratamentos faciais e corporais do Ritz Spa, em Lisboa. Fomos experimentar e ficámos a luzir. Faltou-nos o mar.

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A piscina do Ritz é interior e pode ser usada antes da ida ao spa DR
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Os produtos Ignae são de origem portuguesa DR
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Um dos ingredientes é o mel de abelhas DR

O que estava programado era um tratamento de rosto designado Anti-Aging (em português, antienvelhecimento), mas havia possibilidade de desfrutar previamente de outras valências do spa do Ritz Four Seasons Hotel Lisbon. Foi o que fizemos.

À falta do mar do Açores, escolhemos a piscina interior aquecida, irresistível pela dimensão, temperatura, luz natural e vista ampla sobre o jardim do hotel e sobre o parque Eduardo VII.

Durante meia hora pudemos nadar sem companhia. Não só pelo horário escolhido, mas porque a ocupação do hotel era ainda muito reduzida, já que nos dias imediatamente anteriores tinha estado reservado para a comitiva do Presidente chinês, Xi Jinping, na sua primeira visita oficial a Portugal.

Antes ainda de mergulharmos, Sara Margarido deu-nos uma ficha médica (obrigatória e confidencial) para preencher, mostrou-nos todo o espaço do spa e informou que a marcação de qualquer tratamento permite aos clientes, além do uso da piscina, também o da sauna e do banho turco. Por isso, aconselha a que se chegue ao spa pelo menos 30 minutos antes da hora agendada para o tratamento. Assim há tempo para que o ambiente vá convidando ao relaxamento. Confirmamos.

Um belo (e divertido) duche

Toalhas macias, roupões confortáveis, mas chinelos nem por isso estão acessíveis em vários armários de madeira e também junto aos cacifos, a que se acede com um cartão. Há recipientes com frutas aqui e ali e pode solicitar-se chá ou sumos. O sumo de gengibre e canela é uma delícia.

Depois de braçadas e flutuações na piscina, seguiu-se um belo duche, com bastante pressão (que envolveu uma divertida atrapalhação com os diferentes manípulos, torneiras e orientações da saída de água, dadas as múltiplas possibilidades).

Já contaminados pela atmosfera relaxante do spa, vamos então ao tratamento facial programado. Na verdade, não será só o rosto a entregar-se às mãos de Tânia Rodrigues, a terapeuta que nos foi destinada. Haverá direito a alguns “passeios manuais” pela cabeça, pescoço, colo e ainda a uma massagem drenante às pernas.

Pedimos por isso a Tânia que nos explique logo de início o que se vai passar, pois suspeitamos de que vamos “desligar” por completo nos instantes seguintes, mas estamos em trabalho…

Linha unissexo

A terapeuta começa por nos lembrar que o tratamento tem a assinatura Ignae, “uma marca orgânica, com produtos dos Açores 100% naturais e fantásticos”. Enumera ainda os seus quatro componentes principais: “Colostro bovino, água termal, mel e camélia japónica.” Outros elementos são “colagénio” e, como se lê no site do spa para o tratamento Hidratação e Rejuvenescimento, “veneno de abelha e leite de burra”.

Preferimos não pensar muito nisso e queremos antes saber qual pode ser a expectativa de quem se propõe a um tratamento desta natureza. “Sair daqui com a pele muito mais rejuvenescida, com uma limpeza profunda e com a sensação e certeza de que foi efectivamente tratada, desde a raiz até à superfície.”

Informa-nos ainda que a linha é unissexo e tem sido procurada por clientes masculinos.

Terapeutas do Ritz sentem na pele

Perguntámos se Tânia já tinha experimentado estes tratamentos. Disse-nos que é prática comum do Ritz Spa os terapeutas submeterem-se aos produtos antes de iniciarem a sua aplicação aos clientes. “A partir do momento em que temos a experiência do produto, torna-se muito mais fácil transmitir as sensações e os efeitos”, descreve. Para concluir, divertida: “Já o sentimos na pele. Literalmente.”

Esclarecimentos prestados, são-nos dadas as boas-vindas com o ritual de lava-pés, em água morna com pétalas de flores e uma breve massagem com exfoliante à base de gengibre. Sabe bem.

De seguida deitamo-nos na marquesa e surge uma ligeira inquietação pela ideia de que nos será aplicada uma máscara a tapar todo o rosto, incluindo olhos e boca – só estando prevista abertura na gaze para o nariz. E o relaxamento ameaça abandonar-nos.

Com profissionalismo e voz calma, a terapeuta acede com simpatia e empatia a que se mantenha também a boca a descoberto. E a verdade é que não voltámos a pensar num possível desconforto. Assim que tocou o sino que anuncia o início do tratamento e começou a massajar-nos a cabeça e o rosto, os leves indícios de claustrofobia partiram para longe.

A máscara foi aplicada depois de os olhos serem tapados com compressas frescas, passadas por gelo. Sobre a gaze, foi pincelada a mistura dos diferentes produtos, em que predomina o colostro. Daí o aroma a leite em pó.

Toca o sino pequenino

Enquanto a máscara actuava sobre o rosto, a terapeuta, que se afirmou como “alfacinha”, concentrou-se nas nossas pernas e pés. Uma massagem drenante ritmada e muito competente. Não só porque nos distraiu do que se passava mais “cá para cima”, como conseguiu aquela pressão ideal sobre o corpo, a que não maltrata nem acaricia. Os óleos essenciais usados são à base de funcho. As ilhas, de novo.

Chegado o momento de retirar a máscara, 80 minutos depois de se ter iniciado o tratamento, toca o sino pequenino. Acabou. Tânia pergunta se nos sentimos bem. A brincar, respondemos: “Amanhã à mesma hora.” E ainda não tínhamos visto como estávamos a brilhar.

Confirmámos a boa sensação que se anunciara de ter o rosto limpo e hidratado em profundidade. Enquanto as pernas, de tão leves, pareciam seguir sozinhas à nossa frente.

À saída, voltamos a encontrar-nos com Sara, que nos acolhera à chegada. Só agora nos damos conta de que vai ter um bebé. “É o segundo. Mais uma menina, já tenho uma”, diz-nos, enquanto se ilumina num sorriso. Não se pode competir com aquela luz.

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