Centros distritais de socorro negam não ter atendido contacto da NAV

NAV afirmou que os centros distritais de operações de socorro não atenderam chamadas. Gestora da navegação aérea alertou Protecção Civil e Força Aérea meia hora depois de perder contacto com helicóptero.

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LUSA/JOSE COELHO

A empresa que gere a navegação aérea (NAV) alertou, meia hora após a perda de contacto com o helicóptero do INEM, entidades como a Protecção Civil e a Força Aérea para a falha de comunicação com o aparelho.

Segundo a NAV, às 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, "que é quem activa a busca e salvamento", 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS (centros distritais de operações de socorro) do Porto, Braga e Vila Real, que "não atenderam". Depois do comunicado da NAV, os centros negaram a versão da empresa.

Numa nota enviada à Lusa, em que afirma ter adoptado "com diligência e celeridade todos os procedimentos estabelecidos para este tipo de situações", a NAV Portugal transcreve, ao minuto, a sequência de acontecimentos após a falta de comunicação com o helicóptero HSU203, acidentado junto a Valongo, no sábado. Quatro pessoas morreram.

Segundo a NAV, a tripulação contactou com a Torre de Controlo do Porto às 18h30, para informar que iria descolar para Macedo de Cavaleiros, via Baltar, dali a cinco/seis minutos, informando ainda que, se não conseguisse aterrar em Baltar, poderia prosseguir para o Porto.

Segundo o INEM avançou no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18h30.

A tripulação contactou, pela primeira vez, a Torre de Controlo do Porto, já em voo, às 18h37, e foi contactada às 18h39 pela Torre de Controlo, que pretendia saber qual a altitude que pretendia manter, tendo a tripulação informado que iria manter 1500 pés.

A primeira perda de sinal radar com o helicóptero deu-se às 18h55, afirmou a NAV, salientando ainda que a perda de comunicações "é normal", devido "à altitude e orografia do terreno".

A hora expectável de aterragem, tendo em conta a hora de descolagem do aparelho, era às 19h, destacou ainda a NAV.

A empresa destacou que às 19h20, "de acordo com o protocolo de actuação, que determina que 30 minutos após o último contacto expectável se iniciem tentativas de contacto com a aeronave", a Torre de Controlo do Porto contactou telefonicamente várias entidades, entre as quais os bombeiros de Valongo e a PSP de Valongo.

À mesma hora, foi tentado o contacto ainda com os CDOS do Porto, Braga e Vila Real "que não atenderam". Os três CDOS negam.

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"Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto", vincou ainda a NAV. 

Foram também contactados o Aeródromo de Baltar, os telemóveis da tripulação, o aeródromo de destino, em Macedo de Cavaleiros, o heliporto de Massarelos, "para saber se tinham optado por regressar, tendo aqui sido contactada a PSP para ir verificar ao local, uma vez que o heliporto não tem operações permanentes", acrescentou a empresa.

CDOS negam

Os CDOS de Braga, Vila Real e do Porto recusaram este domingo não ter atendido a chamada da NAV sobre o acidente de Valongo, garantindo ter operadores "em permanência 24 horas por dia".

Em declarações à Lusa, o comandante do CDOS de Braga, Hermenegildo Abreu, garantiu que "qualquer chamada" ali recebida "é atendida conforme a sequência de entrada", considerando por isso "muito estranho" que a NAV, empresa que gere a navegação aérea, diga que aquela entidade "não atendeu" uma chamada feita ao fim da tarde de sábado devido à perda de contacto com o helicóptero do INEM.

Para o comandante do CDOS de Vila Real, Álvaro Ribeiro, é também "muito esquisito" que uma chamada de quem quer que seja não tenha sido atendida, porque "a sala de operadores tem sempre dois operadores em permanência, 24 sobre 24 horas". 

A Protecção Civil distrital revelou este domingo que o Comando de Operações de Socorro (CDOS) do Porto foi alertado para a queda do helicóptero do INEM pelo Comando Nacional e que este foi avisado às 20h09 pela Força Aérea.

Em declarações à Lusa, Marco Martins, presidente da Comissão Distrital do Porto da Protecção Civil, disse ser "falsa" a informação dada pela NAV de que o CDOS do Porto apenas "atendeu" uma chamada sobre o acidente quando a mesma foi "reencaminhada pelo CDOS de Coimbra".

"A chamada chegou ao CDOS do Porto pelo CNOS [Comando Nacional de Operações de Socorro], às 20h15, tendo de imediato sido accionados os bombeiros de Valongo. O alerta chegou ao CNOS às 20h09, pelo departamento de monitorização de radares da Força Aérea. Quanto ao que diz a NAV, é estranho, até porque há uma linha directa da torre de controlo do Aeroporto do Porto para o CDOS do Porto e a mesma não foi accionada", afirmou.

Segundo a NAV, às 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, "que é quem activa a busca e salvamento".

O hiato temporal entre a última comunicação emitida pelo helicóptero e o alerta que chegou à Protecção Civil, às 20h15, está a ser investigado.

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