Sindicato dos transportes critica falta de investimento na frota de eléctricos

A Carris anunciou a abertura de um inquérito para apurar as causas do acidente.

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SEBASTIÃO ALMEIDA

Na sequência do descarrilamento de um eléctrico da Carris nesta sexta-feira, em Lisboa, que causou 28 feridos, a empresa anunciou a abertura de um "inquérito minucioso" para apurar as causas do acidente. Porém, um dos sindicatos do sector critica o desinvestimento nos últimos anos na rede de transportes públicos, apesar de sublinhar que apenas poderá fazer uma avaliação quando saírem os resultados do inquérito.

"Temos toda a confiança sobre os trabalhadores que executam tarefas de manutenção, mas não podemos esconder que, durante os últimos anos, houve desinvestimento em todas as empresas de transportes no que respeita à manutenção de material e na Carris seguramente também", explicou neste sábado ao PÚBLICO a sindicalista Anabela Carvalheira, representante da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. 

Além disso, a dirigente do sindicato afirma que a frota de eléctricos (e dos transportes públicos no geral) é composta por veículos envelhecidos (nesta sexta-feira, começaram a circular 15 novos autocarros da Carris e, ao longo de 2019, chegarão semanalmente novos veículos às ruas de Lisboa).

Segundo o presidente da Carris, Tiago Farias, a frota será renovada nos próximos anos com a compra de mais 30 eléctricos, dos quais 20 serão dos articulados e dez dos clássicos. A medida vai ao encontro dos pedidos de alguns moradores que, em Agosto, exigiam mais veículos a circular e melhores condições. 

Anabela Carvalheira assinala ainda que "do ponto de vista sindical, a preocupação é com o transporte público de qualidade ao serviço da população diária do país e não apenas daquilo que é o turismo em Portugal".

Agora, "caberá aos conselhos de administração, ao Governo e, neste caso, à Câmara Municipal de Lisboa e à Carris assegurar a segurança" dos transportes, diz a representante do sindicato, estando segura de que os trabalhadores "responderão com as suas capacidades, know-how e competências desde que lhes dêem os meios técnicos e de material" necessários. 

Contactadas pelo PÚBLICO, a Carris refere que não se pronunciará até terminado o inquérito e a câmara de Lisboa não respondeu até à hora de publicação deste artigo. 

O descarrilamento aconteceu na zona da Lapa e as causas continuam por apurar. Pelo local passaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que louvou a "capacidade de respostas imediata" das autoridades, e o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina.

No relatório de 2017 disponibilizado pela Carris, os dados mostram que, face ao ano anterior, o número de acidentes com autocarros aumentou 6,1%. Por outro lado, a quantidade de acidentes com eléctricos diminuiu de 145, em 2016, para 129 no ano seguinte, uma redução de 11%.

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