Perdido e achado

A Amiga Genial série, primeira temporada, valeu a pena desta perda de subjectividade de A Amiga Genial, primeiro livro da tetralogia? Sem dúvida que sim

E agora? Já vimos os oito episódios de A Amiga Genial. Que fazemos?

A HBO mostrou um episódio ao domingo e outro na segunda-feira. Isto permitiu aos fãs da Elena Ferrante guardar os dois episódios para ver duas horas seguidas, como uma longa metragem.

Também achei inteligente fazer oito episódios de cada romance. Com Patrick Melrose os cinco livros de Edward St Aubyn só renderam cinco (magníficos) episódios.

Os quatro livros de A Amiga Genial renderão 32 episódios, 8 episódios por cada romance.

Fica-se desanimado quando se chega ao fim do oitavo episódio mas ajuda muito saber que ainda faltam 24 para ver.

Nos primeiros episódios estranha-se o casting porque ainda temos presentes as figuras que imaginámos enquanto líamos os livros. Dissemos: esta não é a Lila, esta não é a Lenu.

Mas o cinema tem uma maneira de nos ocupar e essa estranheza perde-se. O problema será agora reler a tetralogia e tentar não transportar as caras e as personalidades dos actores para as páginas dos livros.

Mesmo contando com a ajuda da própria Elena Ferrante esta série é fatalmente uma apropriação. A ilustração da literatura, mesmo quando é muito bem feita, simplifica-a e reduz a força da imaginação de cada um. O leitor passa a ser mais espectador, mais passivo, menos importante.

A Amiga Genial série, primeira temporada, valeu a pena desta perda de subjectividade de A Amiga Genial, primeiro livro da tetralogia?

Sem dúvida que sim: construiu-se um mundo em que a quantidade e o cuidado dos pormenores compensam a redução imagética.

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