Senado dos EUA aprova resolução para travar apoio à guerra no Iémen

A resolução, considerada um momento histórico, foi aprovada com uma maioria de 56 votos, incluindo sete senadores do Partido Republicano.

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A decisão é vista como um desafio ao Presidente Trump Reuters/JIM YOUNG

O Senado norte-americano aprovou esta quinta-feira uma resolução histórica, com o apoio de senadores do Partido Democrata e do Partido Republicano, que dá instruções ao Presidente dos EUA para pôr fim à participação do país na guerra no Iémen. A decisão é vista como um desafio ao Presidente Trump e reforça o descontentamento dos senadores com a forma como o assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoogi está a ser tratado.
 
A medida não terá efeitos concretos no curto prazo porque a Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso, também com maioria do Partido Republicano) disse esta semana que não irá votar uma resolução semelhante até ao fim do ano. Mas isso pode mudar a partir de Janeiro, quando o Partido Democrata voltar a ter maioria na Câmara dos Representantes.

Ainda assim, mesmo que a resolução venha a ser aprovada nas duas câmaras do Congresso, é provável que o Presidente Trump exerça o seu direito de veto, o que obrigaria a Câmara dos Representantes e o Senado a reunirem os votos de dois terços dos seus membros para o anularem –? uma tarefa praticamente impossível porque seria necessário que uma grande parte dos republicanos aceitasse enfrentar o Presidente Trump.

Mas o simples facto de o Senado ter posto a votação e aprovado esta resolução é um momento histórico. Nunca o Congresso tinha posto em causa desta forma os poderes de guerra de um Presidente.

A resolução foi aprovada com uma maioria de 56 votos, incluindo sete senadores do Partido Republicano.

Na prática, o Senado invocou pela primeira vez os seus poderes ao abrigo do War Powers Act, aprovado em 1973, que serve para o Congresso travar uma guerra ou uma ofensiva militar declarada por um Presidente sem antes ter procurado e obtido uma autorização dos legisladores.

Mesmo quando essa autorização não existiu, nenhuma das câmaras do Congresso foi tão longe como desta vez, o que mostra o extremo desagrado com a forma como a Casa Branca tem lidado com o assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoogi.

Imediatamente após a votação, o Senado apoiou por unanimidade uma outra resolução que responsabiliza o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman pelo assassínio de Khashoggi, insistindo que a Arábia Saudita deve responsabilizar o príncipe pela morte.

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