Linces estão de regresso a Silves

Com o incêndio de Monchique às portas, o centro de reprodução do lince, em Silves, teve de mandar os animais para Espanha. Agora, já estão todos de volta a uma casa que entretanto foi renovada.

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João Silva

A 8 de Agosto deste ano, os 29 linces que habitavam o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico tiveram de ir para um pavilhão gimnodesportivo e daí para Espanha dada a ameaça das chamas que destruíam a serra de Monchique. Os primeiros felinos voltaram a 4 de Dezembro, chegando nesta quarta-feira a Silves os últimos. Regressam apenas 26, já que um morreu de doença e os outros dois iniciaram o treino, em Espanha, para reintrodução em meio natural, informa o Ministério do Ambiente.

Foram quatro meses em que os linces portugueses estiveram em três centros espanhóis – dois na Andaluzia e um na Extremadura – à espera que os cercados e infra-estruturas associadas afectadas pelas chamas fossem recuperados, explica Célia Ramos, secretária de Estado do Ordenamento e Conservação da Natureza, que nesta quarta-feira se desloca a Silves para dar conta do programa de reintrodução desta espécie ameaçada. Além da recuperação das infra-estruturas, aproveitou-se esta ausência dos inquilinos para melhorar os sistemas de de aspersão de água e de combate a incêndios e beneficiar habitats.

Os linces estão a chegar desde há uma semana. Foram feitas seis lentas viagens desde os três centros espanhóis. "As deslocações são stressantes para os animais, têm de ser feitas por etapas, parando. São acompanhados por veterinários e técnicos para os estabilizar", adianta Célia Ramos. 

Desde que o centro foi construído, em 2009, já foram reintroduzidos na natureza 33 felinos. Destes, sete morreram e perdeu-se o rasto a outros dez, adianta Célia Ramos. Mas já nasceram 44 animais em liberdade.

Além do centro, a aposta tem sido a recuperação do habitat do lince e sobretudo a recuperação da população da sua principal presa, o coelho-bravo, através de parcerias com as reservas de caça e as populações locais.

Neste momento, existem 104 linces em cativeiro na Península Ibérica – 26 em Portugal e os restantes nos três centros espanhóis. Segundo os dados de 2017, existiam 547 animais em liberdade, dos quais 34 em Portugal, adianta o ministério.

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