“Falta transformar a diáspora em força política global”, defende Marques Mendes

A criação da RTP-Internacional há 26 anos foi o pretexto que levou o ex-líder do PSD a lançar agora um livro com outras ambições politicas: “Afirmar Portugal no Mundo”. E algo mais.

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Luís Marques Mendes promoveu a criação da RTP-Internacional em 1992, enquanto ministro-adjunto e para os Assuntos Parlamentares Rui Gaudêncio

Estavam lá muitos PSD diferentes, alguns PS e uns quantos CDS, muitos advogados e homens de negócios, gente das televisões e do desporto. Dez anos depois do seu último livro, o lançamento de Afirmar Portugal no Mundo, de Luís Marques Mendes, foi muito mais do que um encontro de amigos. Foi uma afirmação de ambições políticas. Não tanto pessoais, mas de um ideal - o que dá o nome à obra.

 A história do nascimento da RTP-Internacional é o pretexto, o esteio, o ponto inicial de uma reflexão política que o comentador e conselheiro de Estado leva muito mais longe. Na geografia e na ambição. Marques Mendes tira várias ilações da história daquele que, em 1992, se tornou um dos dez canais globais de televisão, numa época em que ainda não havia Internet nem televisões privadas em Portugal. E que ele fez nascer, enquanto ministro-adjunto e para os Assuntos Parlamentares, com o empenho do então primeiro-ministro Cavaco Silva - que escreve um dos pósfacios. O outro é de Jorge Sampaio e o prefácio é da autoria de Marcelo Rebelo de Sousa.

No livro e no discurso da sua apresentação, o advogado defendeu a importância da diáspora portuguesa e da lusofonia, dos consensos políticos e da ousadia, da qualidade e do mérito. “Somos um país pequeno, mas não somos uma nação irrelevante”, afirmou, para defender as qualidades de um povo que se encontra espalhado pelo mundo. Mas, disse, “falta transformar a diáspora em força política global, capaz de defender Portugal, os interesses e os seus valores”.

Preconizou que “é preciso pensar em grande e agir com ambição” e defendeu a criação de “uma espécie de TV Portugal”, partilhada por todos os operadores de televisão, “porque lá fora o que conta não é a concorrência, mas a excelência”. Sustentou que a aposta na lusofonia “tem de ser ainda mais reforçada” e apontou sobretudo para o continente africano: “Se não formos nós a investir em África, outros o farão”, avisou.

Depois abriu ainda mais o horizonte do discurso e regressou à política nacional. Perante figuras como Jorge Coelho e Fernando Medina (PS), Fernando Negrão, Hugo Soares, Castro Almeida, Álvaro Amaro, Paula Teixeira da Cruz, Miguel Pinto Luz ou Miguel Relvas (PSD), Diogo Feio ou João Gonçalves Pereira (CDS), defendeu a importância dos consensos políticos para grandes projectos e reformas. Como a do sistema político.

“De eleição para eleição, de geração para geração, baixa a qualidade da competência do decisor político”, diagnosticou, para defender a urgência de reformar o sistema político, investindo no mérito e na responsabilização. É uma questão nacional”, defendeu.

Podia ser também um programa de acção, mas para já foi apenas um desafio aos presentes - e eram muitos e influentes, como Leonor Beleza, Nunes Liberato, Miguel Frasquilho, Manuel Queiró, António Monteiro, Guilherme Figueiredo, Francisco George. Foi a partilha de uma “inquietação”, a mesma de que falou Fernando Santos, o seleccionador nacional de futebol, que apresentou a obra.

“Pensei que era um livro simples, sobre a história da RTP-Internacional – e em boa parte é. Mas o que ele fez foi inquietar-me”, disse Fernando Santos. “É dizer que não podemos ficar por aqui, há que continuar a afirmar Portugal no mundo, que é um desiderato de todos os portugueses”, acrescentou o seleccionador, que ainda hoje a primeira coisa que faz quando chega a um hotel por esse mundo fora é ver se há RTP-I.

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