Há mais um projecto para a Senhora do Monte a ser contestado

Fórum Cidanania Lx escreveu a Fernando Medina, pedindo o chumbo do empreendimento Terraços do Monte, que vai ser discutido na quinta-feira.

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Fotomontagem do projecto DR
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Há mais um projecto imobiliário a agitar as águas na colina da Graça. A câmara de Lisboa discute na quinta-feira a aprovação de um empreendimento na Rua Damasceno Monteiro, em frente ao Miradouro da Senhora do Monte, que levanta a vários cidadãos as mesmas preocupações que um outro projecto, previsto para a rua de cima: a perda de vistas do miradouro.

Numa carta enviada esta terça a Fernando Medina, o Fórum Cidadania Lx pede à câmara que chumbe o projecto pois “representa uma carga excessiva de betão numa colina relativamente frágil” e porque “facilmente se imagina que a vista [do miradouro] para o Martim Moniz será irremediavelmente afectada”. Além disso o grupo alega que, através das fotomontagens já conhecidas, “vê-se claramente o impacto negativo que se passará a ter desde o vale do Martim Moniz mas também desde a Colina de Santana”.

O empreendimento chama-se Terraços do Monte e foi desenhado pelo atelier de arquitectura ARX para a Vanguard, empresa imobiliária com diversos projectos em Lisboa (como o do antigo Museu da Rádio, de que o PÚBLICO já falou) e, desde há duas semanas, dono da Herdade da Comporta, em conjunto com Paula Amorim.

Desde que entrou na câmara, ainda em 2016, o projecto teve algumas alterações, pois os serviços de Urbanismo pediram para o número de pisos dos edifícios ser revisto de modo a não afectar as vistas da Senhora do Monte. O empreendimento prevê dois imóveis com 28 apartamentos, três pisos de estacionamento subterrâneo, ginásio e piscina.

Do lado da Damasceno Monteiro deverão ficar visíveis três pisos e uma cobertura, onde se prevê a instalação de quatro piscinas com vista sobre a cidade. O Fórum Cidadania Lx e alguns moradores da zona temem que, para que os futuros moradores usufruam da paisagem, os visitantes do miradouro fiquem sem ela. Uma fotomontagem disponível no site do promotor aponta para um impacto visual reduzido dos edifícios.

Os terrenos para onde estão previstos estes imóveis são um conjunto de lotes que a câmara de Lisboa comprou nas décadas de 1950, 1960 e 1980 e que foi transferindo para a Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL). Em 2011, esta empresa apresentou um pedido de informação prévia (PIP), que foi chumbado tanto pela autarquia como pelo Igespar (actual Direcção-Geral do Património Cultural). Em 2015, quando a EPUL foi extinta, os terrenos voltaram à posse da câmara, que os vendeu logo no ano seguinte.

A discussão deste processo em câmara dá-se poucas semanas depois de ter entrado um pedido de licenciamento para um terreno expectante na Calçada do Monte colado ao miradouro. Moradores da Graça e não só têm-se empenhado em tentar impedir ali uma construção que obstrua as vistas da Senhora do Monte, tendo até lançado uma petição para o efeito. Fernando Medina garantiu na assembleia municipal, em Setembro, que não aprovaria “nada que colida com esse interesse superior da cidade” – as vistas do miradouro.

Notícia corrigida às 15h08 de 12 de Dezembro: O número de pisos foi revisto apenas uma vez (e não várias, como escrito anteriormente), o número de apartamentos é 28 (e não 32). As fotografias foram substituídas, pois as anteriores estavam desactualizadas.

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