Team Sky perde patrocinador e fica com futuro incerto

Cadeia televisiva que financia a equipa irá terminar envolvimento no ciclismo no final de 2019. Formação procura novos investidores para a temporada que terá início em 2020.

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Formação venceu Tour por seis vezes nos últimos sete anos LUSA/SEBASTIEN NOGIER

Depois de oito anos ao mais alto nível, a Team Sky — que venceu o Tour de França por seis ocasiões, soma uma conquista no Giro de Itália e uma Vuelta em Espanha — vai deixar de existir. A Sky, cadeia televisiva britânica, anunciou que terminará todo o envolvimento da empresa com o ciclismo no final da temporada de 2019.

A Comcast — gigante norte-americana de telecomunicações — tomou conta da empresa britânica em Setembro, numa manobra que ultrapassou os 33 mil milhões de euros e que deixou no ar a decisão que acabou por ser anunciada aos ciclistas na noite de terça-feira, em Maiorca, no centro de treinos da Team Sky.

Citado pelo The Guardian, Dave Brailsford, director-geral da formação britânica, deixou uma palavra aos ciclistas da Team Sky, admitindo a esperança de que, em 2020, o colectivo percorra as estradas sob um novo patrocinador: “Enquanto a Sky vai deixar o ciclismo no final de 2019, a equipa está de mente aberta em relação ao futuro e ao potencial de trabalhar com um novo parceiro, caso a oportunidade surja”.

Dave Brailsford — que está na formação desde o primeiro momento — acredita que este contratempo não terá repercussões no desempenho da equipa na derradeira temporada: “Não estamos acabados, de maneira nenhuma. Ainda temos um ano de corrida à nossa frente e faremos o possível para continuarmos a dar sucessos à Team Sky em 2019”.

O fim de uma era

A equipa criada em 2010 tinha um objectivo claro: levar um corredor britânico à vitória do Tour, prova rainha do ciclismo a nível internacional. A montanha não foi tão difícil de escalar quanto se pensava. Em apenas duas temporadas, a Team Sky conseguiu que Bradley Wiggins mantivesse a camisola amarela até ao final da competição gaulesa que marcou o primeiro triunfo britânico na prova.

Em 2012, Chris Froome, outro dos corredores da Team Sky, terminou no segundo lugar do pódio mas, na temporada seguinte, ocupou o lugar maior em Paris. Com o primeiro triunfo na Volta a França, o ciclista britânico deu início a um período vencedor no Tour, que se estendeu com três vitórias seguidas (2015, 2016 e 2017). O terceiro triunfo consecutivo para a equipa na prova gaulesa coincidiu com a vitória na Vuelta, também com a assinatura de Froome.

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Froome venceu prova por três vezes consecutivas STEPHANE MAHE / REUTERS

A hegemonia da formação britânica causava mal-estar junto das restantes equipas do pelotão. Philippe Mauduit, antigo corredor e director desportivo da UAE Team Emirates mostrou-se descontente, em entrevista ao site Cycling Weekly, com a força dos britânicos: “O principal problema é a forma como eles ganham: não é de forma espectacular. Tudo o que fazem é da mesma forma, com muita arrogância e com um maço de notas no bolso que mostram a toda a gente”.

Apenas sete anos após ter sido criada, a formação da Sky dominava as estradas europeias, alicerçada no forte apoio económico do patrocinador. A cadeia televisiva investiu mais de 150 milhões de libras (165 milhões de euros) na equipa, quantia que transformou a Team Sky na mais rica do pelotão. Na temporada passada (2018), houve sucesso em dose dupla para a equipa de Dave Brailsford: vitória no Tour por Geraint Thomas e o primeiro triunfo no Giro de Itália, por Chris Froome.

A sombra do doping

Depois da primeira vitória britânica no Tour — protagonizada por Bradley Wiggins — um relatório parlamentar sugeriu que o corredor, com o conhecimento e auxílio da Team Sky, usou substâncias ilegais que contribuíram para a vitória na competição em 2012.

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Vitória do ciclista britânico foi colocada em causa CHARLES PLATIAU / REUTERS

Também Chris Froome, vencedor por quatro vezes do Tour, foi implicado em alegações de doping, depois de ter acusado um resultado positivo numa etapa da Volta a Espanha. A análise revelou um resultado positivo à substância salbutamol, um broncodilatador, segundo revelou em comunicado a União Ciclista Internacional (UCI). “A minha asma piorou na Volta e por isso segui o conselho da equipa médica para aumentar a dose de Salbutamol”, explicou o corredor, que acabaria por ser ilibado das acusações na investigação anti-doping.

O facto de não ter sido castigado não impediu, porém, que a reputação do britânico fosse severamente manchada. Chegou-se, inclusive, a falar do afastamento do ciclista do Tour de 2018, o que não se veio a confirmar. Chris Froome participou mas, pela primeira vez em quatro anos, não conseguiu levar para casa a vitória, que ficou para o colega de equipa Geraint Thomas.

Os profissionais da Team Sky esperam, agora, pelo final da temporada e por um novo patrocinador, depois de oito anos como reis das estradas europeias.

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