Ordem dos Enfermeiros diz que ninguém esteve em risco devido a greve

A bastonária assegura que não houve cancelamento de qualquer cirurgia de urgência e que "os enfermeiros estão a trabalhar mais do que os serviços mínimos estipulados.

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Nuno Ferreira Santos

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, disse esta terça-feira ao PÚBLICO que os cinco enfermeiros-directores dos hospitais em que decorre a paralisação daqueles profissionais lhe garantiram que "não houve nenhuma situação que tenha colocado em risco a vida" dos doentes.

Ana Rita Cavaco salientou ainda que não houve cancelamento de qualquer cirurgia de urgência e que "os enfermeiros estão a trabalhar mais do que os [serviços] mínimos estipulados pelo tribunal arbitral", abrindo mais salas de blocos operatórios. 

No debate quinzenal desta terça-feira no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa disse que as cirurgias que foram adiadas por causa da greve serão "reprogramadas e executadas" até Março.

A bastonária reuniu-se esta terça-feira com os representantes do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros, Movimento Greve Cirúrgica e os enfermeiros-directores dos centros hospitalares de Lisboa Norte, Porto, Universitário de Coimbra, Hospital de S. João e Hospital de Setúbal.  

A Ordem sustenta que "esta é uma greve pela segurança e dignidade de todos".

"Espero que não haja outra classe profissional a tentar amedrontar as pessoas e a tentar cavalgar uma greve que não é deles, é dos enfermeiros", afirmou Ana Rita Cavaco à saída da reunião, citada pela Lusa.

Embora a bastonária não se tenha referido directamente aos médicos quando falou de outra classe profissional, a Ordem dos Médicos disse na semana passada que havia doentes graves e prioritários que estavam a ser prejudicados pela greve dos enfermeiros. 

A "greve cirúrgica" dos enfermeiros começou a 22 de Novembro e está prevista terminar no final de Dezembro, mas há um movimento de enfermeiros que está na base da greve prolongada nos blocos cirúrgicos de cinco grandes hospitais públicos que quer avançar com uma nova paralisação e recolher, até 14 de Janeiro, 400 mil euros num "fundo solidário" para ajudar os profissionais que aderirem e ficarem sem salário durante o período que durar o protesto.

A paralisação decorre nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apelou nesta terça-feira às ordens profissionais para conterem algum "excesso verbal" na greve dos enfermeiros porque pode "transparecer uma sensação de insegurança" numa altura em que se impõe serenidade. Marta Temido referiu-se às declarações de Ana Rita Cavaco e de Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, que quando questionado sobre  se podia garantir que não há doentes a morrer por causa desta greve disse não o poder fazer. A greve já adiou cerca de 5000 cirurgias programadas.

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