Medidas de Macron não são suficientes nem para a esquerda nem para a direita

Apesar do aumento do salário mínimo, mantêm-se várias acções de protesto marcadas para esta terça-feira, dos estudantes aos funcionários das Finanças.

Foto
Estudantes do ensino secundário em protesto na cidade de Marselha Reuters/JEAN-PAUL PELISSIER

O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na noite de segunda-feira uma série de medidas para pôr termo aos protestos que duram há três semanas por parte do movimento dos Coletes Amarelos, que foram gerando graves distúrbios, principalmente em Paris. A decisão mais sonante foi o aumento do salário mínimo em 100 euros. Apesar disso, nem a esquerda nem a direita política estão satisfeitas. E as greves marcadas para esta terça-feira mantêm-se.

Para além do aumento do salário mínimo, Macron anunciou uma série de outras medidas, tais como o corte na contribuição social dos pensionistas com reformas inferiores a dois mil euros mensais ou um apelo ao pagamento de prémios anuais aos trabalhadores (já no final deste mês), "que serão livres de impostos". O Presidente francês fez ainda um mea culpa relativamente ao declínio do nível de vida da população francesa.

Mas nada disto foi, para já, suficiente. Marine Le Pen, líder do partido União Nacional (extrema-direita), reagiu no Twitter: "Este modelo é o da globalização selvagem, concorrência desleal, do livre comércio generalizado, da imigração em massa e das suas consequências sociais e culturais. Em resumo, Macron recuou para saltar melhor."

Steeve Briois, vice-presidente da União Nacional, disse também que "a classe média e os desempregados, isto é, boa parte dos franceses activos, são os grandes esquecidos" do pacote de medidas anunciado por Macron.

Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa (extrema-esquerda), voltou a classificar Macron como o "Presidente dos ricos", afirmando que todas as medidas "serão pagas pelos contribuintes e não pelas grandes fortunas".

Mas as críticas estenderam-se a praticamente todos os partidos, com os socialistas a concluírem que "o curso não mudou", e Benoît Hamon, que foi candidato presidencial, a pedir uma "real redistribuição de riqueza".

Do lado dos Coletes Amarelos, há alguns que reconhecem um primeiro passo, mas a maioria dos seus membros, questionados pelos jornais franceses, não estão satisfeitos e falam até em "provocação".

Este movimento começou como um protesto contra a subida dos impostos sobre os combustíveis, mas a onda de protesto foi aumentando e passou a ser uma luta contra o custo de vida e as políticas de Macron.

Nos últimos dias, também os estudantes do ensino secundário começaram a manifestar-se. O discurso de Macron não evitou a marcação para esta terça-feira de mais bloqueios e ocupações de escolas por parte dos estudantes. A estas acções junta-se também uma greve dos funcionários das Finanças que durará até dia 31 de Dezembro. A nível local há também várias acções de protesto agendadas para esta semana.

Sugerir correcção
Ler 24 comentários