Cartas ao director

Ainda os deputados

Há deputados que votam por outros, muitas vezes, como disse a social-democrata Mercês Borges, que se demitiu dos cargos que tinha mas não se demitiu de deputada como devia. Há deputados que recebem dinheiro por viagens não efectuadas como é o caso de Carlos César e muitos outros. Há deputados que recebem dinheiro por presenças ausentes. Há deputados que recebem dinheiro por deslocações não efectuadas e subsídios por terem indicado, falsamente, que a sua residência permanente é distante de Lisboa. Por estes exemplos se verifica que o Parlamento português está transformado numa escola de aprendizagem da mentira, da falta de honra e de responsabilidade. Há excepções? Claro que há mas o que é preciso e urgente é que as excepções se revoltem, denunciem os desonestos e os metam na ordem. Ou será que os desonestos são a maioria?

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Os filhos da “cadeirinha”

Os actos de violência praticados interpares ou sobre crianças e jovens, que ultimamente têm chegado ao conhecimento público, deviam merecer uma profunda reflexão pelos mais altos responsáveis da nação. Os ministérios da Educação, Segurança Social, Administração Interna e da Economia deviam aprofundar a sua missão e encontrar um caminho para assegurar um viver decente para o povo deste país. As crianças são o maior valor duma nação. Em vez de aumentar os horários de trabalho dos pais, deviam reduzi-los enquanto os filhos deles precisassem. As crianças são o futuro, e o futuro constrói-se no presente. Quem descura a obrigação de proteger e manter uma terna relação com as crianças está confundido e ajuda a propagar problemas sociais no amanhã.

Uma sociedade que tem como único objectivo o lucro, ou seja a acumulação do capital, não pode respeitar o cidadão. O objectivo da sociedade em que vivemos tem de ser o bem-estar de cada cidadão, ou seja, o bem comum. Não pedimos milagres, mas um caminho que conduza a um melhor equilíbrio na distribuição da riqueza, numa via de justiça e fraternidade.

Na sociedade moderna, onde as famílias se desmoronaram, onde os avós, que antes estavam em casa, agora estão nos lares de idosos, onde havia um cantinho para um tio idoso e hoje não há, os pais, porque têm ambos de trabalhar para manter o equilíbrio das despesas familiares, têm, logo de manhã cedo, de retirar a cadeirinha do carro, e entregar a criança no jardim-de-infância.

Sem ir à raiz dos problemas, estes não têm solução, pois remendos não curam. Diz Ortega Y Gasset, e essa frase está sempre a ser citada, que há” o homem e as suas circunstâncias” e digo eu, modesto cidadão, que para ultrapassar a crise social com que nos debatemos, o “homem tem de ultrapassar as circunstâncias e ver para lá dos limites que os mandantes querem dele”.

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo

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