Luzes de Natal continuam desligadas, Câmara do Porto não dá mais explicações

Ao contrário dos dois anos anteriores, iluminações de Natal deste ano foram contratadas por ajuste directo. “Grave incumprimento” da empresa estará na origem do problema. Várias ruas continuam sem luzes

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Estavam previstos "mais de dois milhões de microlâmpadas" para 59 ruas da cidade, praças e jardins NFACTOS/Fernando Veludo

Dez dias depois da data prevista para a inauguração das luzes de Natal do Porto, parte da iluminação continua desligada. A Câmara Municipal do Porto emitiu um comunicado ainda no dia 1 de Dezembro onde prometia “accionar um plano de contingência e todos os meios legais para acautelar os interesses do Município”. Questionada pelo PÚBLICO sobre uma previsão para a resolução do problema, respondeu apenas que houve um “grave incumprimento por parte do prestador de serviços”. E que nada mais tem a acrescentar.

Ao contrário do que aconteceu em 2017 e 2016, onde houve um concurso público para escolher quem ficaria responsável pelas iluminações de Natal da cidade, a câmara decidiu a 19 de Outubro deste ano iniciar um “procedimento de ajuste directo para aluguer de iluminações decorativas e infra-estruturas eléctricas e árvore de Natal e respectiva instalação”, lê-se no contrato firmado entre a empresa Luz Única, Unipessoal, Lda, com sede em Guimarães, e a Porto Lazer.

O aluguer foi feito pelo valor de 210 mil euros, mais do dobro do cobrado no ano anterior (103 mil euros) e ainda mais do que no ano de 2016 (87 mil). Nos contratos sobressai apenas uma diferença: no deste ano fala-se de instalação das iluminações e nos anteriores não. O PÚBLICO pediu ao executivo de Rui Moreira que aclarasse a situação, mas não obteve resposta.

Quem também não teve direito a explicações foi a Associação de Comerciantes do Porto (ACP). Ao contrário do que sempre aconteceu em anos anteriores, explicou o presidente Joel Azevedo, “nunca houve um interlocutor” da Porto Lazer com quem pudesse dialogar. A primeira tentativa aconteceu ainda em Julho, sem sucesso. Repetiu-se, sempre com o mesmo resultado negativo, em Setembro e em Novembro. “Depois desistimos”, lamenta.

A ACP soube dos "mais de dois milhões de microlâmpadas" previstos para 59 ruas da cidade, praças e jardins quando esse anúncio foi feito publicamente. “Estranhamos que nunca tenha havido um contacto”, diz Joel Azevedo, “e agora quando verificámos estas falhas graves percebemos que algo correu mal”.

A época natalícia é um dos momentos altos do ano para os comerciantes e há uma factura associada ao “descuido da Câmara do Porto”. Ainda que “a mudança cultural trazida pelo turismo e o regresso do hábito de fazer compras na rua” não condenem estes dias ao fracasso, a verdade é que a falta de iluminações traz prejuízos: “O espírito de Natal é muito importante e potencia o comércio. Ao contrário do que acontece nas superfícies comerciais, onde as luzes há muito estão ligadas, nós continuamos sem elas”, lamenta Joel Azevedo.

O PÚBLICO tentou obter explicações da empresa Luz Única, cujo único contacto disponível é um email, mas não obteve qualquer resposta.

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