Portugal sobe um lugar no ranking de países com melhor desempenho climático

Na avaliação da política climática de 56 países e da União Europeia, Portugal ocupa o 14º lugar numa lista que continua com os primeiros três lugares “em branco” por não existir nenhuma nação à altura.

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Peritos concluem que Portugal deve investir mais em transportes públicos e mobilidade eléctrica Paulo Pimenta

É um 17º lugar que, na verdade, é um 14º, uma vez que não há nenhum país que tenha feito o suficiente para merecer qualquer um dos três primeiros lugares. Com esta avaliação, Portugal subiu um lugar no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (Climate Change Performance Index, ou CCPI) que é divulgado esta segunda-feira na 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP24), que decorre até sexta-feira em Katowice, na Polónia.

O CCPI é um instrumento de pressão política e social. Ao avaliar o desempenho das políticas climáticas dos vários países promove-se a transparência, premeiam-se as melhores práticas e (espera-se) aumenta-se a ambição de subir na lista para lugares de mérito.

No relatório, os especialistas apontam os aspectos negativos e os positivos de cada país, sendo que no caso de Portugal (se optarmos pelas más notícias primeiro) é realçado, por exemplo, “um fraco desempenho no que diz respeito à redução das emissões em alguns sectores, nomeadamente edifícios e transportes”. Segundo um comunicado da associação ambientalista Zero, apela-se especificamente para mais investimento nacional em transportes públicos e mobilidade eléctrica.

A avaliação usa dados referentes a 2016 e, tal como no ano anterior, mantém Portugal acima da média europeia no que se refere a emissões per capita de gases com efeito de estufa. No capítulo da energia renovável, a Zero nota que “apesar de Portugal ter um excelente desempenho no que respeita à produção de electricidade a partir de fontes renováveis, quando comparado com o total da energia primária consumida (renováveis, petróleo, carvão, gás natural), a percentagem das renováveis ainda é reduzida (cerca de 25,43% em 2016)”. Longe do objectivo necessário para impedir um aumento de temperatura abaixo dos dois graus Celsius até ao final do século XXI face à era pré-industrial, conclui-se.

Menos e mais em Portugal

Mas há, como já se disse, aspectos positivos que vão além da mera posição no ranking. Com uma classificação elevada no indicador da energia renovável e uma nota média na categoria do uso da energia, Portugal é o “melhor aluno” na área da política climática, “devido à criação de um plano para descarbonizar o país em 2050 e eliminar o carvão do mix energético em 2030”. Assim, juntando as intenções de um país neutro em carbono em 2050 à grande ambição que se tem demonstrado relativamente às metas a cumprir no que respeita à eficiência energética e energias renováveis, Portugal consegue nesta categoria um muito honroso 4º lugar (a melhor posição).

No entanto, depois de considerados todos os critérios de avaliação, Portugal fica no último lugar do pelotão da frente. O índice deste ano é liderado uma vez mais pela Suécia (4º lugar), seguida por Marrocos e Lituânia. No grupo dos países com o melhor desempenho ainda se inclui o Reino Unido, a Noruega e a Dinamarca. Portugal fecha a lista na 17ª posição.

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Adriano Miranda

O grupo de desempenho médio inclui países como a Ucrânia, a França, o Brasil, a Itália, o México e a Alemanha, enquanto a Espanha, a Áustria, a Polónia e a Nova Zelândia estão classificados como de baixo desempenho. No pior grupo deste ranking encontram-se países como a Austrália, os Estados Unidos e a Arábia Saudita (no 60º e último lugar).

Os maus alunos: China e EUA

O maior emissor mundial de dióxido de carbono (CO2), a China, fica posicionada em 33º lugar, no grupo de baixo desempenho, mas não está entre os piores porque os especialistas valorizaram “o papel de liderança na diplomacia climática internacional” que o país tem mostrado vontade de assumir.

os EUA, no 59º lugar (que corresponde ao 56º e mais precisamente ao penúltimo do índice de desempenho), “o recuo das políticas e desregulação na área climática, especialmente pela declaração de saída do Acordo de Paris e pelo desmantelamento do seu Plano de Energia Limpa, em plena administração Trump” justificam a inclusão no grupo dos piores. E nem sequer existem as boas intenções políticas que conseguiram evitar o pior para a China. “A avaliação da política [dos EUA] continua em baixa, especialmente no que se refere à diplomacia climática nacional e internacional”. O único ponto positivo em território norte-americano será a oposição à política presidencial. “Os especialistas climáticos apontam sinais positivos a um nível infranacional, com cidades e estados a assumirem uma forte ambição na acção climática, através da criação da US Climate Alliance”, sublinha o comunicado da Zero.

Em 2017, Portugal tinha ficado classificado em 18º lugar (o equivalente ao 15º). “Portugal é o último dos países que ainda consegue ficar no grupo de países com classificação ‘alta’, a mais elevada atribuída, já que nenhum país consegue atingir a classificação ‘mais alta’”, assinala ainda o comunicado da Zero.

Com base em critérios padronizados, o índice CCPI avalia e compara o desempenho e a política climática de 56 países e da União Europeia, que são responsáveis por mais de 90% das emissões globais de gases com efeito estufa. De acordo associação ambientalista portuguesa, o CCPI é da responsabilidade da organização não-governamental de ambiente Germanwatch e da Rede Internacional de Acção Climática, de que a Zero faz parte, e, ainda, do NewClimate Institute.

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