Grandes alentejanos

Desatei a provar queijos alentejanos e descobri que estão formidáveis a todos os níveis e a todos os preços.

Eis uma notícia: o queijo de Serpa voltou em beleza. Nos anos 90 perdeu-se. Fui a Serpa à procura dele. Não o encontrei. Desisti de procurar em 2005, farto de desilusões e saudades infrutíferas.

Até que uma esperança se alevantou. O queijo Serpa DOP da Almocreva foi eleito o Melhor dos Melhores dos queijos curados de 2018. Não o consegui encontrar - deve estar todo comido - mas consolei-me com dois Serpas muito bem curados do mesmo produtor: o Serpa DOP Gourmet e o Queijo Envelhecido Gourmet. Este último não é Serpa DOP mas está estupendo. O meu pai era doido por Serpas muito curados que raramente encontrava. De cada Serpa velho que provava dizia "É pena porque está quase..."

Desatei a provar queijos alentejanos e descobri que estão formidáveis a todos os níveis e a todos os preços. Vou dar só dois exemplos de preconceitos que me afastaram durante décadas de queijos afinal maravilhosos.

O primeiro era só comer queijos DOP. Equivale a só comer queijo de ovelha no Carnaval.

O segundo preconceito é julgar pelos nomes e pelas embalagens: só queria queijos rústicos com nada mais que uma cinta de algodão.

Livre dessas armadilhas deliciei-me com um Serpa DOP da Mercearia da Aldeia, sediada em Alhos Vedros. Está entre os melhores Serpas amanteigados que comi quando os Serpas eram todos bons.

E da Queijaria Cachopas comi um transcendente queijo de ovelha curado, com casca não comestível, feito só de leite cru, cardo e sal, que, se calhar, vou ter de comer todos os dias.

Lá aprendi a minha lição.

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