Centeno: “Não estamos autorizados a ser imprudentes”

Ministro das Finanças acredita que o abrandamento económico de 2018 “é temporário” e que o crescimento é agora “mais sustentável”. Centeno diz ainda que tem de se ter “paciência” e “flexibilidade” para promover políticas que não fomentem populismos.

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O congresso dos socialistas europeus está a decorrer em Lisboa JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Mário Centeno foi um dos convidados do segundo dia de congresso dos socialistas europeus em Lisboa. O moderador pediu-lhe conselhos sobre como poderiam os outros países fazer à economia o que ele fez em Portugal. E o ministro das Finanças, também presidente do Eurogrupo, não se fez rogado em contar a sua receita. Na sua intervenção defendeu que este trabalho tem de ser de longo prazo e que exige uma compatibilização entre as dimensões económica, social e ambiental. No fim deixou um aviso: o crescimento económico “não nos autoriza a sermos imprudentes”.

O “abrandamento económico de 2018 é, queremos acreditar, um abrandamento temporário”. “O crescimento é mais sustentado, mas isto não nos autoriza a ser imprudentes”, defendeu. Disse Centeno que é preciso promover o trabalho prudente e sustentável e também promover “a reforma das instituições europeias” para que o euro possa cumprir o seu objectivo.

Aliás, sobre este assunto, Centeno defende que nas eleições europeias é preciso colocar no centro do debate o orçamento da União Europeia. “Dez anos depois da crise, o aprofundamento do euro é um desígnio europeu que deve estar no centro do nosso projecto político comum”, disse.

E como se luta? 

Este é um trabalho que tem de ser feito para combater os populismos. Num congresso onde os socialistas europeus preparam a sua estratégia para as eleições europeias, Centeno também navegou pela água da política pura e dura e lembrou que “aquilo que permite que as forças populistas avancem é a indiferença” dos cidadãos e por isso é preciso “contar com todas as forças políticas e lutar contra isso”.

E como se luta? “Temos de pensar que o populismo é a resposta errada e apressada a uma boa pergunta. A resposta passa por um desenho de medidas inovadoras, por medidas implementadas, passo a passo, ancoradas na experiência, que as pessoas percebem e às quais possa aderir”, acrescentou. Esta receita não é fácil de fazer, afirmou, é precisa “uma dose de paciência e flexibilidade que apenas os poderes públicos podem dar”.

Para Centeno, hoje há movimentos políticos que “apelam ao ressentimento, aos receios que desde sempre levaram os povos a levantarem-se uns contra os outros. Nada disto é novo, mas é simples, demasiado simples. Esta retórica não poderia funcionar numa democracia forte, sustentada por compromissos duradouros. Temos de reunir todos os que acreditam nesses compromissos. As últimas crises que vivemos, mostram que não podemos dar nada por garantido”, porque “os demagogos, na sua versão actual de populistas, prometem soluções simples (…) e ficam com as bandeiras que outrora pertenceram a forças progressistas”. Mas “não apresentam soluções credíveis”.

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