Tomás Correia diz que se separou o "trigo do joio" no Montepio

Os candidatos das outras duas listas obtiveram, em conjunto, mais de 56% dos votos e destacam perda da maioria da lista A.

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Tomás Correia conseguiu 43,2% dos votos LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), António Tomás Correia, vencedor das eleições realizadas esta sexta-feira, lançou críticas aos seus adversários e agradeceu aos associados por terem separado "o trigo do joio" nas eleições. Já as listas B e C, que perderam as eleições, sublinharam este sábado que, pela primeira vez, o presidente reeleito deixou de contar com o apoio da maioria dos associados.

A lista A, de Tomás Correia, cuja gestão à frente da AMMG tem sido marcada por forte polémica, conseguiu 43,3% dos votos expressos. A lista C, liderada por António Godinho, ficou em segundo lugar, com 36,3% dos votos; e a lista B, de Fernando Ribeiro Mendes, em terceiro, com 20,5% dos votos. As listas B e C, juntas, obtiveram assim mais de 56% dos votos.

O vencedor das eleições, as primeiras a acontecerem depois da aprovação do novo Código das Associações Mutualistas, que impõe uma avaliação de idoneidade dos órgãos sociais, lamentou que "a exposição mediática a que a Associação Mutualista Montepio tem vindo a ser sujeita nem sempre tenha sido pelas melhores razões", e lançou críticas aos seus adversários.

"Pela frente, espera-nos um mandato [de três anos] muito exigente, que apela à responsabilidade por que sempre nos pautámos, e que a candidatura institucional sempre levou muito a sério", concluiu o presidente da AMMG, em declarações à agência Lusa.

Os candidatos perdedores destacaram, por seu turno, a perda da maioria da lista vencedora e criticaram as condições em que decorreram as eleições.

"É politicamente relevante o facto de pela primeira vez a lista A ter tido menos votos do que a soma dos votos das listas opositoras: isto quer dizer que Tomás Correia já não conta com o apoio expresso eleitoralmente da maioria dos associados da AMMG e deveria tirar consequências desse facto", avançou a Lista C, em comunicado.

Considerando "verdadeiramente extraordinário" o resultado obtido "tendo em conta todas as condicionantes conhecidas do processo eleitoral", a lista C ficou "apenas a 6,8 pontos percentuais da lista de Tomás Correia", é sublinhado.

"Estas eleições não foram nem justas, nem democráticas", acrescenta a lista C, afirmando que "entre as várias irregularidades" está o facto de "a comissão eleitoral ser composta maioritariamente" por membros da lista vencedora.

Por sua vez, a lista B, de Fernando Ribeiro Mendes salienta, também em comunicado, que a participação dos associados "registou uma das taxas mais baixas de sempre, de menos de 10% do corpo eleitoral, o que constitui manifestação incontornável da desconfiança que está instalada no Montepio".

"A lista vencedora das eleições obteve maioria relativa que sinaliza a extensão do sentimento de rejeição da actual liderança, partilhado pela esmagadora maioria dos votantes", afirma a lista de Ribeiro Mendes, que assume que "o resultado ficou abaixo das expectativas".

"Os candidatos da lista B levaram por diante esta campanha eleitoral em condições extremamente difíceis, marcadas por decisões controversas impostas pela maioria afecta à lista A na comissão eleitoral, dificultando o esclarecimento dos associados, o que muito terá contribuído para um aumento da abstenção", considera a candidatura de Ribeiro Mendes.

A Associação Mutualista Montepio Geral é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral - sob a marca comercial Banco Montepio - que desenvolve o negócio financeiro, e que tem actualmente Carlos Tavares como presidente executivo.

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