A “maestrina” Merkel deixa a liderança da CDU com discurso emotivo

Partido conservador alemão está reunido em Hamburgo para escolher o sucessor da chanceler. Delegados aplaudiram Merkel durante mais de nove minutos.

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Angela Merkel deixa a liderança da CDU ao fim de 18 anos EPA/CLEMENS BILAN

“Todos sentimos que este é um congresso especial”, disse Angela Merkel no seu discurso de despedida após 18 anos à frente da União Democrata-Cristã (CDU). A chanceler pediu unidade depois de ser escolhido o novo ou a nova presidente, e lembrou, sem a nomear, a sua candidata preferida, Annegret Kramp-Karrenbauer, que venceu uma eleição difícil o ano passado, no Sarre, quando se esperava uma vitória dos sociais-democratas, que então subiam nas sondagens.

“Temos força para quebrar tendências e para ganhar eleições quando lutamos unidos e com determinação”, disse Merkel.

Reunidos esta sexta-feira no Congresso em Hamburgo, os delegados do partido conservador alemão terão de escolher um novo líder, entre Annegret Kramp-Karrenbauer, Friedrich Merz e Jens Spahn. Antes da votação, o palco foi da chanceler.

“Foi uma imensa honra”, disse Merkel ao terminar o seu discurso, com alguma comoção. A estação de televisão NTV contou o tempo de aplausos: 9 minutos e 23 segundos. De pé, alguns delegados tinham cartazes com a mensagem: “obrigado, chefe”.

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O tempo de Merkel à frente da CDU foi medido por um dos vices da CDU, Volker Bouffier, em comparação com outros cargos: “nestes 18 anos houve três papas, o HSV [clube de futebol de Hamburgo] teve 24 treinadores e o SPD teve dez líderes”

A CDU deu ainda como prenda a Merkel uma batuta do maestro Kent Nagano, com que este dirigiu o concerto na gala da cimeira do G20 em Hamburgo (a chanceler é grande apreciadora de ópera). “Para Merkel, a mais importante maestrina da política mundial.”

Foi ainda feito um vídeo agradecendo a Merkel “a calma e serenidade num mundo cheio de altifalantes”, “a coragem para mudar”, e ainda “a orientação em tempos difíceis”.

O líder da bancada parlamentar da CDU, Ralph Brinkhaus, sublinhou que este dia “é o fim da era de uma líder do partido. Não é o fim da era Angela Merkel”.

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