Câmara de Vila Franca quer comprar antigas salinas de Alverca

Área de 40 hectares é considerada importante refúgio de aves protegidas.

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LM MIGUEL MANSO

A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pretende adquirir o espaço das antigas salinas de Alverca e preservar as condições naturais destes cerca de 40 hectares, considerado um dos mais importantes refúgios de aves protegidas na zona do estuário do Tejo. A propriedade é, actualmente, detida pelo Novo Banco — chegou à posse de uma empresa do grupo na sequência das dificuldades financeiras da imobiliária Obriverca — e, de acordo com o presidente da autarquia, já há um acordo de princípio para a concretização do negócio.

Segundo Alberto Mesquita, o processo de aquisição poderá ficar concluído até final do ano e o objectivo da autarquia é criar ali um espaço de usufruto do ambiente natural das salinas articulado com o passeio ribeirinho que vai ser construído entre o Forte da Casa e o Sobralinho.

A Assembleia da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho aprovou, entretanto, uma moção que defende a criação de uma “Reserva Natural Local das Salinas de Alverca”. Em 2014, já a Assembleia Municipal vila-franquense aprovara, por unanimidade, um documento no mesmo sentido. 

“Há da nossa parte uma intenção já muito antiga de criarmos condições para a preservação das antigas salinas de Alverca e fazermos ali, no quadro daquilo que é também a requalificação da frente ribeirinha e do passeio ribeirinho, uma reabilitação das salinas. É uma pretensão que, inclusivamente, teve uma proposta aprovada na Assembleia Municipal, uma proposta que também teve o nosso acolhimento, no sentido de encontrar uma solução que, por um lado, preservasse as salinas em termos ambientais e, por outro, encontrasse ali soluções de passagem”, explicou Alberto Mesquita ao PÚBLICO. A ideia, acrescentou o autarca, será aproveitar algumas das passagens que separam os tanques das antigas salinas para criar passagens, com as devidas condições, para acesso dos utilizadores ao futuro passeio ribeirinho de Alverca.

“É só melhorar os caminhos e parte do trabalho está feito”, adianta Alberto Mesquita, que assume que o objectivo da Câmara é concluir a obra de construção do passeio ribeirinho entre o Forte da Casa e o Sobralinho até 2021, num investimento que deverá rondar os 6 milhões de euros.

Na última sessão da Assembleia da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho foi, entretanto, aprovada uma moção, apresentada pelo Bloco de Esquerda, que defende a criação da Reserva Natural Local das Salinas de Alverca. O documento sublinha que estas antigas salinas ocupam uma área de cerca de 40 hectares e “revelam-se de extrema importância como área de nidificação e refúgio para inúmeras espécies de aves”.

As antigas salinas de Alverca, situadas entre a linha férrea e o Tejo, a sul da Ogma-Indústria Aeronáutica de Portugal, foram mesmo classificadas, na década de 90, como biótopo Corine por uma organização internacional e sabe-se que há uma grande interligação entre esta área e a vizinha Reserva Natural do Estuário do Tejo, situada do outro lado do rio.

“Trata-se de uma zona húmida de águas interiores, diferente de quase todas as demais no Estuário do Tejo, por ter o ecossistema que é particular das salinas e, pela sua extensão e localização, constitui uma área importante para a conservação da natureza”, sustenta a moção, realçando o “reconhecido interesse ornitológico” desta área e a “diversidade” da flora ali existente.

O mesmo documento, apresentado pela bancada do Bloco de Esquerda, recorda que estas antigas salinas estão integradas no corredor verde previsto no Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa e na estrutura ecológica do Plano Director Municipal. O partido exige, por isso, que a Câmara Municipal “agilize e concretize os procedimentos necessários à classificação das salinas de Alverca como reserva natural local”.

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