BdP: Bancos devem ser “prudentes” na aplicação de dividendos

O Banco de Portugal avisou hoje que os bancos devem adoptar políticas “prudentes” na aplicação dos seus resultados, nomeadamente no que se refere à distribuição de dividendos, de forma a garantir níveis adequados de resiliência a choques.

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Miguel Manso

“No caso das empresas financeira e dos bancos é importante continuar a reforçar a capacidade de absorção de choques negativos através de níveis de capital adequados. Assim é fundamental a adopção de políticas prudentes da aplicação de resultados gerados, em especial no que concerne à distribuição de dividendos”, refere o Banco de Portugal (BdP) no Relatório de Estabilidade Financeira de Dezembro, hoje divulgado.

No documento, o BdP reconhece a evolução favorável do sistema bancário, com a redução “significativa” dos empréstimos não produtivos (NPL, sigla inglesa para "non perfoming loans"), mas avisa que a melhoria “tem de continuar, tendo em conta as fontes de risco sistémico associadas à actual conjuntura internacional" e ao “agravamento da incerteza geopolítica e económica”.

“É essencial a manutenção da actual trajectória de redução de activos não produtivos e de reconhecimento de perdas nos activos com menor probabilidade de serem recuperados, de acordo com os planos de redução de activos não produtivos que foram submetidos às autoridades de supervisão”, refere.

As fintech também são identificadas no relatório do BdP como uma “fonte de risco” para os bancos, embora ainda não haja evidência no contexto europeu de materialização desse risco.

O BdP considera que o investimento em infra-estruturas tecnológicas deve ser prioritário para fazer face à potencial concorrência de empresas especializadas e reduzir os custos operacionais.

“As fintech podem alterar de forma significativa o relacionamento com o cliente de serviços financeiros e, neste contexto, torna-se essencial a salvaguarda de confiança no sistema financeiro”, refere o documento.

Desde 2016, segundo a instituição, observam-se progressos significativos na redução do stock de NPL e no aumento da sua cobertura por imparidades.

Em Junho de 2018, o rácio de NPL reduziu-se 3,6 pontos percentuais, para 11,7% e o rácio de cobertura por imparidade aumentou 7,1 pontos percentuais, para 52,9%, face aos valores de há um ano.

“O aumento da solvabilidade dos principais bancos, a melhoria da actividade económica e a evolução dos preços do imobiliário têm criado um contexto favorável à redução dos activos não produtivos”, refere.

Outro factor de vulnerabilidade do sistema bancário, sinaliza também, continua a ser a elevada concentração do sistema bancário português em determinadas classes de activos, em particular a exposição a títulos de dívida pública, sobretudo doméstica (cerca de 9% do activo total).

“No caso do sector segurador, a exposição ao soberano doméstico tem vindo a reduzir-se nos últimos anos, mas mantendo-se em percentagem do activo num nível bastante superior ao do sector bancário”, segundo o BdP.

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