O Mail passou-se

Enquanto foi dirigido pelo brilhante mas atrabiliário Paul Dacre o Mail foi ferozmente brexiteiro. Mas, desde que foi substituído por Geordie Grieg, o jornal tornou-se ferozmente anti-brexiteiro.

É interessante o que está a acontecer ao Daily Mail. Refiro-me à edição impressa e não ao site que é o Grand Canyon da fofoca vápida.

Enquanto foi dirigido pelo brilhante mas atrabiliário Paul Dacre o Mail foi ferozmente brexiteiro. Mas, desde que foi substituído por Geordie Grieg, o jornal tornou-se ferozmente anti-brexiteiro.

Grieg era director do Mail On Sunday desde 2012 e, de facto, a versão domingueira do Mail fazia questão de se distinguir do diário.

Em 2013 Grieg publicou um livro sensacional sobre Lucian Freud, de quem era amigo, chamado Breakfast With Lucian. É um retrato íntimo e impiedoso, mais violento por ser escrito com admiração e fascínio pela crueldade e egoísmo ilimitado do pintor.

A grande chave da sociedade inglesa continua a ser a classe social e não se consegue perceber nada do que se lê sem levá-la em conta.

Paul Dacre é middle class mas Geordie Grieg é upper middle class. A diferença parece pouca mas é enorme. Dacre vê-se como um representante da Inglaterra sensata contra os delírios liberais e privilégios das elites metropolitanas. Grieg é uma encarnação perfeita do alvo preferido de Dacre.

Há algumas excepções mas a atitude para com o "Brexit" é significativamente previsível conforme a classe social dos ingleses. Quanto mais alta, menos brexiteira.

O Mail de Paul Dacre tinha tanta influência que pode ter sido um factor importante na vitória do referendo. Veremos se Geordie Grieg conseguirá convencer uma parte substancial dos leitores a tornar-se adepta do Remain...  

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