Combate à gripe faz-se nas ruas para vacinar sem-abrigo

A campanha de vacinação contra a gripe para pessoas em situação de sem-abrigo decorre, até 7 de Dezembro, nas ruas e em vários centros de acolhimento de Lisboa. A expectativa é igualar ou superar as 745 pessoas vacinadas no último ano.

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O ano passado foram vacinadas 745 pessoas em situação de sem-abrigo Miguel Manso

A campanha de vacinação contra a gripe para pessoas em situação de sem-abrigo está em vigor pelo terceiro ano consecutivo e percorre vários pontos da cidade até 7 de Dezembro. O Núcleo de Planeamento e Intervenção para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo (NPISA) e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) promovem a campanha que chega a esta população através de unidades móveis destacadas para as ruas e em vários centros de acolhimento de Lisboa.

Na entrada do número 47 da Almirante Reis, a fila formada para a vacinação estende-se, ao mesmo tempo que alguns dos presentes partilham em voz alta as suas inquietudes com a vacina. “Se há oportunidade, segue-se por aí. Embora tenha de haver consciência do que se está a tomar”. Quem o diz é um dos utentes do centro que ali acorreu pela primeira vez para este fim. “Nunca tomei. Será que deveria?”.

O homem, com olhos rasgados, cabelo aprumado e uma tez esbranquiçada, prefere não dar o nome. Vai continuar na fila até que alguém lhe desvele os benefícios da vacina. “Sou o 310 86 21”, o número de identificação da Santa Casa. “Escreva aí que estou à procura de emprego e que tenho carta de condução. Nunca se sabe”.

Manuel Grilo, vereador da câmara com os pelouros da Educação e dos Direitos Sociais, esteve no Centro de Apoio Social dos Anjos, um dos locais onde pode ser administrada a vacina, e disse aos jornalistas presentes que a expectativa de adesão para este ano é de que “os números sejam muito semelhantes” aos de 2017. No passado ano, notou, foram vacinadas 745 pessoas.

“A campanha está a decorrer tal e qual a do ano passado, portanto, há um bom nível de aceitação”, considera o vereador. De momento, existem 350 pessoas em situação de rua, menos 50% do que em 2015. Nesta população há ainda cerca de 500 pessoas que estarão em centros de acolhimento ou em “situações habitacionais diversas que podem passar por casas no âmbito do programa Housing First, ou por quartos quando possível”, afirma.

Ainda que o Centro de Acolhimento do Beato continue à espera de obras, o vereador considera que a resposta dada a quem manifesta necessidade de uma situação habitacional é dada “num máximo de 24 horas” e que isso explica “a diminuição tão grande no número de pessoas em situação sem-abrigo”.

O reforço do programa Housing First é outra prioridade para Manuel Grilo. O autarca avançou que a câmara estará a assegurar mais financiamento “para que se possam garantir mais habitações” e que as questões pendentes “já estão despachadas”. “Reunimos com todas as associações que tinham situações de financiamento pendentes”, informa. As 50 casas que se encontravam bloqueadas viram o seu financiamento avançar, apesar do aumento especulativo das rendas de habitação em Lisboa, o “que não permitiu expandir o programa”.

“Vamos avançar agora com verbas mesmo pagando algumas rendas muito elevadas, e depois vamos deitar mão ao património municipal disperso para reforçar o programa”, conta o autarca bloquista.

Para o vereador, trata-se de um programa bem conceptualizado e aplicado, mas para o qual deixaram de ter recursos quando os preços das habitações dispararam para valores “absolutamente incomportáveis”. A autarquia irá reforçar o programa de outra forma. Estas casas espalhadas pela cidade encontram-se fechadas e algumas em mau estado, mas, de acordo com Grilo, “será rápido o aumento na oferta”.

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