Jerónimo pede objectividade aos que se agitam com sondagens

No encerramento do congresso regional do PCP-Madeira, que reconduziu Edgar Silva por mais quatro anos, Jerónimo de Sousa insistiu que não basta ter mais votos para governar.

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Jerónimo de Sousa encerrou este domingo o Congresso do PCP na Madeira LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pediu este domingo “objectividade” aos que andam “agitados” a projectar cenários pós-eleitorais. No Funchal, onde encerrou o X Congresso Regional do PCP-Madeira - que reelegeu Edgar Silva - Jerónimo de Sousa regressou a 2015, para argumentar que o que está em causa nas eleições legislativas e regionais do próximo ano, é a eleição de deputados, não do primeiro-ministro ou do presidente do governo madeirense.

“Quem nisso insiste é porque pensa que uma mentira repetida mil vezes passa a ser verdade, ou quer fazer dos outros tolos”, afirmou na sessão de encerramento do congresso dos comunistas madeirenses, considerando uma “falta de seriedade” e um “mau caminho” tentar passar essa ideia para o país.

O que se decide nas próximas eleições, continuou, seja nas legislativas, seja nas regionais, é a eleição de deputados não o partido que tem mais votos. “Como se viu em 2015 pouco valeu a Passos Coelho e ao PSD terem sido o mais votados”, exemplificou, antes de apontar para os parceiros à esquerda: “Aos que andam por aí agitados a congeminar cenários e especulações sobre sondagens a questionar sobre arranjos futuros, pedimos é que tenham alguma objectividade”. Por isso, pediu ao povo, não se deixem levar por conversas falsas.

No último dia de um congresso que reconduziu Edgar Silva por mais quatro anos na coordenação regional do partido, posição que ocupa há quase duas décadas, o secretário-geral comunista fez um balanço cauteloso da solução governativa encontrada para “afastar a direita” do poder.

Foi, descreveu, uma nova fase que abriu-se na política nacional, que contou com o contributo decisivo do PCP. Mas o partido, não tinha, nem tem ilusões. “Uma fase que sabíamos limitada e insuficiente para a resposta plena aos problemas do país”, porque o governo minoritário do PS não podia, “como se verificou”, ultrapassar os “limites e os constrangimentos” inerentes às próprias opções de classe.

Ao longo da intervenção, sem “desvalorizar os avanços alcançados”, Jerónimo foi repetindo as expressões “insuficiente”, “não tínhamos ilusões”, “passos tímidos” e “limitado” para resumir o que foi o desempenho do governo de maioria parlamentar de esquerda nos últimos quatros anos, ao mesmo tempo que reclamava para o partido a reposição do subsídio de Natal, o aumento extraordinário das reformas ou a universalidade dos manuais escolares gratuitos. “Não tínhamos ilusões, mas não desperdiçamos qualquer oportunidade para conquistar avanços”, resumiu, insistindo que o PS está demasiado comprometido com as políticas de direita para governar sozinho.

“Não há uma resposta plena às necessidades do país”, vincou, exemplificando com os compromissos que o governo socialista, tal como antes o PSD e o CDS fizeram, com Bruxelas. “Cada décima de redução forçada do défice são milhões que faltam ao investimento, à saúde, à educação e à produção.”

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