Ilustração

Miss Inês pega no que tem dentro do coração e desenha pontos e linhas que são histórias

Miss Inês
Fotogaleria
Miss Inês

Miss Inês conta histórias com pontos e linhas. Aborda diversos temas, sempre com “leveza e algum humor”, para que o resultado final seja “uma coisa entre o neutro e o cómico”, com uma linguagem característica. Estes desenhos já fazem parte da vida de Inês Amaro, ilustradora lisboeta de 42 anos, “há bastante tempo”, mas só em 2016 começaram a ser assinados por Miss Inês. “Decidi fazer um refresh e criei um alter-ego. Além disso, comecei a trabalhar numa técnica específica que me definisse”, conta em entrevista telefónica ao P3.

Foi também em 2016 que lançou um livro, O Meu Admirável Mundo Novo, no âmbito de um curso de ilustração, com base no arquivo fotográfico “de uma senhora aristocrata". O ano marcou um ponto de viragem na atitude com que a artista encarava o desenho. Foi o momento em que decidiu “pegar um bocadinho" no que guardava dentro do coração e "tirar cá para fora”, tornar o sonho realidade. Porque, diz, "no fundo, isto é um sonho".

Inês define-se como “autodidacta”. Apesar de ter estudado Belas Artes, deixou o curso antes de o terminar e fez o seu próprio percurso. Ainda passou pela pintura, mas achou que não se encaixava “naquela forma de pintar muito séria”, por isso decidiu que era “mais ilustradora”. Actualmente, faz desenhos para acompanhar uma crónica para a revista Sábado e foi convidada para fazer quatro cartazes (imagem 1 a 4 da fotogaleria) para o Damas, restaurante e bar lisboeta, onde também trabalha.

Os quatro cartazes que desenhou contam uma história, que só nasceu no último desenho. “Os coelhos têm uma caveira em vez de cara e simbolizam as pessoas que estão bloqueadas no amor. Apesar de estarem mortos para o amor, colhem corações, isto é, procuram-no. Depois, um dos coelhos encontra uma pessoa que traz uma magia especial e há uma celebração. No final, o coelho transforma-se em pessoa e está a agarrar um coração, ou seja, está aberto para o amor”, explica a ilustradora. Ressalva, porém, que esta é a sua interpretação e que gosta que o público faça a sua própria leitura.

Até agora, Miss Inês satisfaz-se por só receber “elogios e coisas bonitas” por parte do público, que tem sempre uma “resposta emocional, mais do que um ‘está bonito’" quando vê os seus trabalhos. É desta forma que a ilustradora percebe que tem "muita coisa para dizer” e que o público quer identificar-se com o que faz. “E isso só me traz felicidade”, remata.

Miss Inês
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