Maxi Comba, rapaz do campo e colega de Aimar

Antes da final argentina da Libertadores, haverá a final da Taça da Argentina, em que um dos finalistas eliminou Boca e River.

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Maxi Comba após marcar um golo ao Boca Juniors DR

Noventa e nove por cento das conversas actuais sobre futebol argentino irão ter, seguramente, à final da Taça Libertadores entre Boca Juniors e River Plate, mas antes que essa final argentina aconteça no Santiago Bernabéu, a 9 de Dezembro, três dias antes haverá a final da Taça da Argentina, que não terá nenhum dos dois gigantes de Buenos Aires, culpa do Club Gymnasia y Esgrima de la Plata, que eliminou ambos.

Primeiro foi o Boca nos “oitavos” (1-0), depois afastou o River nas “meias” (nos penáltis após empate 2-2) e conquistou o direito de defrontar o Rosário Central, em Mendoza. Nesta equipa está um velho conhecido do futebol português, Fito Rinaudo (antigo médio do Sporting), mas também está um improvável protagonista que há dois anos jogava na quarta divisão e era gaúcho.

Esta é a história de Maximiliano Comba, um avançado de 24 anos que nasceu numa população de 700 habitantes e cujos horizontes de vida futura passavam por trabalhar no campo. E, durante muito tempo, teve uma vida dupla, ajudando o pai e os irmãos mais velhos com cavalos e gado ao mesmo tempo que ia dando uns toques em clubes de terras vizinhas. Na passagem da adolescência para a vida adulta, deixou de jogar futebol. “Nunca pensei jogar futebol. Na minha família são todos gaúchos que se dedicam aos cavalos e eu também sempre gostei muito. Quando me vinham buscar para jogar à bola, às vezes escondia-me debaixo da cama para não ir”, contava Maxi numa entrevista ao site “Perfil”.

Em 2016, já com 22 anos, Maxi voltou a ser puxado para o futebol, para jogar no Estudiantes de Río Cuarto, um pequeno clube de Córdoba na quarta divisão argentina, e começou a dar nas vistas com golos, contribuindo para a promoção do clube à terceira divisão. Pelo meio, participou no jogo de despedida de Pablo Aimar, que quis retirar-se com a camisola do seu primeiro clube (onde ainda joga o seu irmão Andrés), antes de uma longa e gloriosa carreira em clubes como River Plate, do Valência, do Benfica e na selecção argentina. “Deixei que o futebol me fosse surpreendendo. Nunca na minha vida pensei que pudesse jogar ao lado do meu ídolo de criança. Foi incrível”, dizia depois do jogo de despedida de Aimar, em Janeiro passado.

O futebol teria, no entanto, mais surpresas para ele. Maxi acabaria por chamar a atenção do Gymnasia, equipa da segunda metade da tabela na primeira divisão argentina, e para lá seguiu por empréstimo. Estreou-se num jogo que deu empate, sem que se tivesse destacado, e o seu segundo seria contra o gigante Boca Juniors. O jogo estava empatado, mas, aos 47’, a bola viajou até à área do Boca e Maxi Comba, oportuno, marcou o golo que daria o triunfo ao Gymnasia por 2-1, naquele que vai sendo, para já, o seu único golo como futebolista de primeira. Nada mau para o miúdo que se escondia debaixo da cama para não jogar futebol e que teve o seu momento de glória.

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