Ucrânia proíbe a entrada no país a homens russos em idade de combater

A medida foi anunciada pelo Presidente ucraniano no Twitter e pretende evitar a formação de “exércitos privados” russos, disse Petro Poroshenko.

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O presidente da Ucrânia Petro Poroshenko visitou um centro de treino militar MYKOLA LAZARENKO / POOL/LUSA

A Ucrânia proibiu esta sexta-feira a entrada no país a homens russos com idades entre os 16 e 60 anos no âmbito da lei marcial introduzida no país por um período de 30 dias, depois de a Rússia ter disparado contra três navios ucranianos ao largo da Crimeia e os ter capturado.

O Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, justificou a medida com a necessidade de evitar a formação de “exércitos privados” russos. Combatentes russos, junto com rebeldes pró-russos, foram essenciais na conquista de zonas do Leste da Ucrânia como Donbass e Donetsk.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que não se encontraria com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, à margem do G20 como estava planeado por causa desta acção russa (do Kremlin veio a informação de que os dois teriam apenas um curto encontro).

A União Europeia, pelo seu lado, anunciou 500 milhões de euros em assistência a Kiev “numa altura em que a Ucrânia e o seu povo enfrentam uma nova agressão por parte da Rússia”, declarou o vice presidente Valdis Dombrovskis. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que era provável que Bruxelas estendesse as sanções a Moscovo, que determinou na sequência da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. 

O correspondente da emissora britânica BBC em Kiev, Jonah Fisher, disse que a medida de restrição da entrada de russos poderia ter um grande impacto, já que se aproxima um período de festividades e muitos russos têm familiares na Ucrânia.

A porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, disse que Moscovo não planeava uma medida semelhante contra a Ucrânia, porque “poderia resultar numa loucura total”.

A medida anunciada por Poroshenko surge no contexto do agravamento da tensão entre Kiev e Moscovo que começou no domingo quando a Marinha russa apreendeu três navios ucranianos e detido 24 tripulantes no Mar de Azov, ao largo da Península da Crimeia, no fim-de-semana passado.

A Rússia acusa a Ucrânia de uma provocação, de desrespeito das suas águas territoriais sem comunicação prévia, e de ignorar sinais de aviso. Segundo a estação de televisão alemã ARD, os marinheiros foram entretanto transferidos para Moscovo e poderão ser acusados de passar ilegalmente uma fronteira, o que pode acarretar uma pena de até seis anos de prisão.

O mar de Azov era “a principal ambiguidade territorial” entre a Rússia e a Ucrânia após a anexação da Crimeia, dissera à BBC Mundo o professor de Estudos Russos e de Europa Oriental da Universidade de Oxford Roy Allison. 

Há meses que se estava a transformar numa arena de conflito entre os dois. Moscovo construiu uma ponte por cima do estreito que também condiciona a passagem de navios, e aumentou a sua presença militar nestas águas. Mais de cem navios civis ucranianos foram apresados, e muitos outros sujeitos a longas vistorias, o que tem levado empresas a evitar os portos ucranianos de Berziansk e Mariupol. 

Kiev denuncia estas acções como tentativa de asfixiar economicamente o país, mas não tem conseguido mudar a posição de hegemonia da Rússia neste mar.

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