"Coletes amarelos" confrontam-se em Bruxelas com a polícia

Na véspera de mais uma manifestação em Paris, movimento de protesto contra a queda do poder de compra alastra à Bélgica. Esta sexta-feira, carros foram incendiados e pelo menos 60 pessoas detidas.

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Os manifestantes viraram e incendiaram carros de polícia OLIVIER HOSLET/EPA
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Manifestantes e polícia no Bairro Europeu, em Bruxelas OLIVIER HOSLET/EPA
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A polícia usou canhões de água para dispersar os manifestantes OLIVIER HOSLET/EPA

Cerca de 500 manifestantes vestidos com coletes amarelos envolveram-se em confrontos com a polícia em Bruxelas. Incendiaram até carrinhas da polícia, atiraram pedras contra os agentes policiais e bloquearam ruas do Bairro Europeu da capital belga esta sexta-feira, um dia antes dos protestos previstos para Paris.

A polícia belga usou canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais seriam franceses e que levaram o seu protesto à cidade que recebe a sede da União Europeia. Duas carrinhas da polícia foram incendiadas, diz o jornal La Libre Belgique.

Foram feitas cerca de 60 detenções, diz o site Politico, algumas porque os manifestantes tinham armas como navalhas, ou sprays de pimenta. Alguns atiraram com bolas de bilhar contra os polícias. Três dos detidos tiveram prisão confirmada, diz a RTL belga.

No protesto foram gritadas palavras de ordem contra o primeiro-ministro belga, Charles Michel, relata o Politico. “A vida está cara de mais e as pessoas ganham cada vez menos. Quando é que Charles Michel vai compreender que o cidadão não está satisfeito?”, explicou um manifestante ao jornal La Libre Belgique, que disse ter vindo de Liège.

 “O declínio do poder de compra é o mesmo para todos nós”, disse ao Politico Xavier Picron, de 38 anos, empregado de uma empresa farmacêutica belga e que se juntou ao protesto. “Os franceses só protestam com mais força do que nós.” O seu amigo Jeremie Codden, um camionista de 41 anos, completou: “Pagámos mais impostos, e veja o estado em que estão as estradas na Bélgica”.

Mais um sábado agitado

Em França, as autoridades preparam-se para o que poderá ser mais um sábado agitado no centro administrativo e político de Paris, com a convocação para os Campos Elísios da terceira mobilização de protesto do movimento dos “coletes amarelos”. Pelo menos 33 mil pessoas disseram que iriam participar no protesto, convocado através do Facebook, como os anteriores.

Desta vez, a Avenida dos Campos Elísios estará praticamente fechada à circulação automóvel e só será acessível aos peões — mesmos aos vestidos com coletes reflectores amarelos — depois de serem revistados e terem passado por um controlo de identidade, num dos mais de 20 postos de segurança colocados nos cruzamentos com outras ruas da capital francesa.

Neste tenso clima de conflito social, a União Nacional dos Liceus decidiu convocar um bloqueio nas escolas secundárias para mostrar o seu descontentamento por causa de vários problemas, entre os quais o novo sistema de acesso ao ensino superior, conhecido como Parcoursup. “Sentimos o mesmo desespero que as pessoas que estão na rua”, disse Louis Boyard, presidente desta associação estudantil, num artigo no diário Le Parisien. Há estabelecimentos de ensino afectados um pouco por todo o país.

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