Lusitano reabre com a missão de aproximar moradores

Após uma travessia turbulenta nos meandros da burocracia camarária, o Lusitano está de volta e de cara lavada. A reabertura é no sábado e tem direito a jantar.

Foto
As Escolas Gerais são a nova casa do clube histórico da cidade Miguel Manso

Um ano e meio de espera volvido, o Lusitano Clube “vira a página” e abre finalmente as portas da nova casa, nas Escolas Gerais, já a subir a Calçada de São Vicente com a Graça no horizonte. O jantar marcado para sábado assinala uma “reabertura simbólica”, diz João Campos, membro da direcção do Lusitano. À espera de uma licença da câmara desde Setembro de 2017, e depois de a autarquia ter encontrado um novo espaço para o clube centenário que se viu obrigado a deixar o número 81 da Rua São João da Praça, agora é quase como começar do zero.

“Vamos ao trabalho. Vamos bater à porta das pessoas”. É esta a pretensão de João e dos restantes membros da direcção. Um dos objectivos do clube passa por unir as associações da zona e mostrar ao poder local que estas colectividades podem exercer uma actividade social preponderante na dinâmica dos bairros onde estão inseridos.

Antes de ser despejado de Alfama, o Lusitano vivia dias de intensa comunhão com a comunidade local e gente de fora. Há um ano e meio, os objectivos para o clube eram outros. Neste interregno de actividade, a sustentabilidade financeira do Lusitano esteve em risco. Foi preciso chegar ao limite. E só quando a direcção do clube abordou a câmara e disse ‘assim não aguentamos’, é que o município “se chegou à frente”.

Neste recomeço, uma das metas iniciais é reabrir o grupo de teatro. João garante que já tem “pessoas para isso”. A criação de um espaço de debate “para falar de toda a envolvência de uma cidade que se quer reciclável” e para discutir a importância da sustentabilidade ambiental é outro dos objectivos.

Promover a inclusão e literacia digital da população é uma necessidade, considera o clube. Por isso, querem “contribuir para a capacitação individual e para uma sociedade mais compreensiva e inclusiva”. A par desta medida, querem também implementar um laboratório criativo e uma comunidade tecnológica com foco no desenvolvimento de projectos inovadores, bem como “incentivar a participação do tecido empresarial no desenvolvimento social”.

O Lusitano, juntamente com outras colectividades, foi convocado para uma reunião com a autarquia. Esse contacto iniciado pela câmara serviu para mostrar que “estão conscientes das dificuldades que os clubes passam”, acredita João. Mas também para alertar as colectividades de que deverão actuar de forma transparente e legal no que diz respeito aos licenciamentos, caso queiram receber apoios do município.

Tendo em conta o rumo dos acontecimentos, o clube considera que é justo receber algum apoio da câmara. “Tornámos um espaço que era só paredes num local moderno e seguro”, nota o membro da direcção. A função do clube, considera, não é reabilitar edifícios, mas sim promover actividades sociais. E é a essa luta que o Lusitano Clube irá dedicar-se.

Apesar de o clube ter tido a porta fechada até agora, a sensação é de que há uma vida de bairro mais activa junto das novas instalações. Após a tormenta burocrática de obtenção de licenciamento, o Lusitano está de novo com as mãos na massa e a fazer aquilo que acredita ser a missão deste tipo de entidades: exercer o poder de mudança nas comunidades.

“Sobrevivemos a isto. Foi uma luta difícil”. “Mas vamos precisar da ajuda dos locais”, confidencia em tom de apelo.

Sugerir correcção
Comentar