Instagram cria ferramentas para pessoas com deficiência visual

Algoritmos automáticos vão descrever as fotografias.

Foto
Há anos que o Facebook e o Twitter têm ferramentas para pessoas com deficiência visual Dado Ruivic/Reuters

O Instagram lançou duas novas ferramentas para ajudar pessoas com deficiências visuais a navegar na rede social. Uma das funções usa algoritmos de reconhecimento de imagens para criar descrições automáticas das fotografias na aplicação.

Actualmente, todos os smartphones (sejam iPhone, Android) vêm com leitores de ecrã já incluídos, que utilizam vozes sintetizadas para descrever os elementos. Quando se clica numa parte do ecrã, o telemóvel diz onde se está a carregar (“mensagens”, “73 por cento de bateria”).

Com a nova funcionalidade do Instagram, em vez de a voz sintética ler “fotografia”, ou o nome da imagem (em alguns casos, são nomes como "imagem 123" ou "blablabla.jpg"), passa a descrever a imagem.

“A funcionalidade permite gerar uma descrição das fotos para os leitores de ecrã, para que se possa ouvir uma lista de itens que podem fazer parte das fotografias”, explica a equipa do Instagram em comunicado. “Sabemos que há muitas pessoas que podem beneficiar de um site mais acessível.”

A Organização Mundial de Saúde diz que há cerca de 285 milhões de pessoas com problemas severos de visão em todo o mundo: 39 milhões são cegas e 246 milhões têm baixa visão. No total, equivale a menos de 4% da população mundial.

A rede social também está a introduzir uma caixa de “texto alternativo” que pode ser preenchida pelos próprios utilizadores quando carregam uma fotografia. O objectivo é ajudar o sistema de reconhecimento automático com uma descrição mais detalhada da imagem.

O Instagram não é a primeira rede social a adicionar funcionalidades a pensar nas pessoas com deficiência visual. O Facebook (que comprou o Instagram em 2012) e o Twitter oferecem esta opção há anos. Desde o ano passado que o sistema de descrição automática do Facebook também reconhece várias acções diferentes em fotografias (andar, comer, em palco) para criar narrações mais exactas.

Em 2017, a Microsoft também lançou uma aplicação gratuita que usa a câmara do telemóvel e tecnologia de inteligência artificial para descrever o mundo à volta do utilizador (dos conteúdos num documento de texto, às emoções no rosto de uma pessoa).

Um estudo do departamento do Facebook dedicado à investigação, o Facebook Research, analisou os hábitos de 50 mil utilizadores com problemas de visão e concluiu que usavam o site da mesma forma que o resto da população, incluindo para publicar e comentar fotos. “Embora as pessoas com problemas de visão coloquem menos fotografias no Facebook, a diferença é surpreendentemente pequena – as pessoas com algum tipo de deficiência visual produzem e partilham uma porção significativa de fotografias no Facebook”, lê-se no estudo.

Sugerir correcção
Comentar