BE responde a Costa e acusa PS de "soberba" e estratégia “grotesca”

Para José Manuel Pureza, o PS está a “tentar conquistar o eleitorado que votará BE”, desqualificando o partido de Catarina Martins e defendendo que não está preparado para governar.

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Na Convenção Nacional do BE, o partido afirmou estar preparado para ir para um governo de esquerda Rui Gaudêncio

Depois do silêncio, vem a tempestade. Se, num primeiro momento, as declarações de dirigentes socialistas, sobre a eventual ida do BE para um governo de esquerda, ficaram sem resposta, num segundo momento, a bonança acabou e os bloquistas acusaram o PS de estratégia “grotesca” e de “soberba”.

“As declarações quer de António Costa, quer de Carlos César fazem parte da estratégia eleitoral do PS e é nessa perspectiva que devem ser compreendidas. Há muito que o PS vê no BE a força política que mais dificulta a obtenção de maioria absoluta pelo PS. A estratégia óbvia e indisfarçável dos dirigentes do PS é tentarem desqualificar o BE e utilizam expressões depreciativas como ‘não estão preparados’, ou ‘têm muita ansiedade’, numa tentativa de desqualificar o BE aos olhos do eleitorado”, começa por dizer ao PÚBLICO o deputado bloquista José Manuel Pureza.

E, logo de seguida, conclui: “A estratégia torna-se grotesca, porque mostra tudo: mostra, de facto, aquilo que o PS pretende [maioria absoluta], não há disfarce e estão justamente a tentar, desqualificando o BE, conquistar o eleitorado que votará BE. É isso e não é outra coisa.”

Também nesta terça-feira, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, não poupa nas palavras e, num artigo de opinião escrito no PÚBLICO, acusa o PS de “soberba”: “A soberba é tanta que Carlos César e António Costa chegam ao ponto de quererem determinar antes das eleições quem entra ou não em futuros governos, quem tem ou não capacidade para tanto. Presunção e água benta, cada um toma a que quer”, escreve o bloquista, acrescentando que, quando o BE afirma que está pronto para governar, não está a fazer “um pedido de autorização ao PS, nem um convite de casamento”.

Tal como José Manuel Pureza, também Pedro Filipe Soares considera que a questão é que o PS quer maioria absoluta: “A sede pela maioria absoluta é promovida pelo primeiro-ministro e pela arrogância de apresentar o PS como pêndulo da sensatez na política portuguesa.” Para o bloquista, não só “o PS só se sente confortável com o poder absoluto”, como “essa vertigem da maioria absoluta faz parte desta ansiedade e está a transformar-se num obstáculo ao próprio PS”. 

Na semana passada, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que este “Governo não existiria se o PS não fosse o partido maioritário da esquerda portuguesa” e defendeu que, “quanto mais força o PS tiver, melhores condições” haverá para executar uma política “que tem tido bons resultados”. Costa acrescentou ainda: “Lamento que pelo menos o BE tenha definido como objectivo eleitoral não projectar-se a si próprio e combater a direita, mas enfraquecer a capacidade eleitoral do PS. Não me parece que isso seja saudável”.

Antes, à comunicação social, Costa admitia preferir a actual solução de Governo a uma eventual ida dos partidos à esquerda do PS para o executivo. Argumentou que, “quando as coisas estão bem, o melhor é continuarem como estão”. E afirmou ainda: “Perguntam-me, não era melhor tê-los [PCP, BE e PEV] dentro? E eu questiono-me, porquê? O Governo não é uma prisão, mas, antes, um instrumento de acção política. Sinceramente, entendo que o Governo teria sido menos eficaz se tivéssemos feito uma coligação a três”.

Depois destas declarações, foi a vez de o presidente do PS e líder parlamentar, Carlos César, lançar outros ataques, a partir das jornadas parlamentares no PS. Sem falar directamente no PCP ou no BE, acabou por considerar que “estão pouco preparados” para serem governo numa altura “tão sensível” e que estão com uma espécie de “ansiedade pré-eleitoral”. Não referiu partidos, mas nas entrelinhas o recado estava dado e era para o BE que, na Convenção Nacional do partido, afirmou alto e bom som estar preparado para ser governo.

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