Kremlin continua a preparar encontro que Trump ameaça anular

Presidente dos EUA está a espera de um relatório da sua equipa de segurança nacional sobre a captura de três navios ucranianos por parte da Rússia.

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Trump e Putin na cimeira de Helsínquia em Junho Reuters/KEVIN LAMARQUE

A “reunião foi aprovada e está em preparação”, assim reagiu o Kremlin às declarações do Presidente americano, Donald Trump, que por causa da Ucrânia admite cancelar um encontro previsto com Vladimir Putin durante a reunião do G20, em Buenos Aires, no final da semana.

“Talvez eu não chegue a ter a reunião. Talvez nem chegue a existir. Eu não gosto de agressão. Não quero agressão de nenhum tipo”, disse Trump ao jornal The Washington Post. O chefe de Estado norte-americano comentava assim a tensão dos últimos dias entre a Rússia e a Ucrânia, com Kiev a impor a lei marcial depois de a Marinha Russa ter apreendido três dos seus navios no mar de Azov — ao largo da costa da Crimeia, península anexada unilateralmente pela Rússia em 2014.

A Ucrânia denuncia “uma agressão russa”; Moscovo fala de “uma provocação” de Kiev. NATO e União Europeia, assim como diversos líderes europeus, têm condenado as acções do Kremlin, exigindo aos russos que libertem os 24 marinheiros capturados e os três navios (dois pequenos navios de guerra e um rebocador) apresados no domingo. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE discutem ainda a imposição de novas sanções à Rússia.

Num primeiro momento, a Casa Branca manteve-se em silêncio sobre o incidente, mas a embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley, acusou a Rússia de “uma acção ilegal” durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Trump diz agora estar à espera de um relatório da sua equipa de segurança nacional sobre os últimos desenvolvimentos para se decidir: essa avaliação “será muito determinante” para a decisão de manter o encontro previsto com Putin, explicou ao Washington Post.

Na agenda do encontro entre os dois presidentes estão questões de segurança, controlo de armamento e a situação na Ucrânia e no Médio Oriente, disse entretanto aos jornalistas em Washington o conselheiro para a Segurança Nacional de Trump, John Bolton.

Aparentemente, em Moscovo não se admite que o Presidente americano possa anular o encontro previsto à margem da cimeira que junta os líderes das economias mais ricas do mundo e os seus homólogos das economias emergentes nesta sexta-feira e sábado na capital argentina.

A Rússia anunciou entretanto que planeia enviar mais dos seus sistemas antimísseis avançados S-400 para a Crimeia. Kiev acusa Moscovo de estar a militarizar a região, nomeadamente na zona do estreito de Kertch, que liga o mar de Azov ao mar Negro.

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