Esgotos de Olhão já não vão directos para a ria

Inaugurada nova ETAR de Faro-Olhão, uma obra de 23 milhões, para livrar da poluição a ria Formosa.

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Ministro do Ambiente inaugurou a nova ETAR LUSA/LUÍS FORRA

Os esgotos da cidade de Olhão, não tratados, vão deixar de ser lançados na ria Formosa. A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) Faro-Olhão, que vai servir uma população de 113 mil habitantes, foi inaugurada nesta quarta-feira pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes. A obra, no valor de 23 milhões de euros, vai permitir desactivar os sistemas de lagunagem das ETAR de Faro nascente e Olhão poente, cujo mau funcionamento - várias vezes denunciando por mariscadores e viveiristas - foi relacionado com a poluição da ria e a mortandade das amêijoas e de outros bivalves.

O ministro Pedro Matos Fernandes garantiu que, com esta obra, “a qualidade da água da ria Formosa vai muito depressa sentir uma grande melhoria e todo os ecossistemas lagunares vão melhorar bastante”. No entanto, admitiu, “isto não quer dizer que não existam algumas pequenas ligações clandestinas, que devem ser combatidas”. Quanto ao facto do investimento vir a traduzir-se de forma directa na factura dos consumidores, o governante passou a decisão para o lado das autarquias. A nova proposta de regulamento tarifário, explicou, prevê que as câmaras possam também assumir uma parcela dos custos. “Essa é uma opção municipal que está em aberto”, sublinhou. 

A reutilização dos efluentes desta ETAR para rega é uma possibilidade que está a ser desenhada mas ainda sem data para concretizar. A proposta anda a ser discutida, na região, há alguns anos mas tem encontrado várias resistências, incluindo dos proprietários dos campos de golfe. “Essa etapa está a ser equacionada e tem viabilidade”, garantiu, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia, o presidente da empresa Águas do Algarve, Joaquim Peres, adiantando que já recebeu manifestação de interesse por parte de um agricultor de Faro. “Falta o licenciamento por parte da APA [Agência Portuguesa do Ambiente]”, disse.

A construção de um parque fotovoltaico junto à ETAR para tornar o equipamento auto-sustentável, em termos energéticos, é também um projecto que está em carteira mas o financiamento não está ainda assegurado.

A nova ETAR de Faro-Olhão, além tratar os esgotos destas duas cidades contínuas, recebe também os efluentes do concelho de São Brás de Alportel. Em paralelo à construção desta nova ETAR, foram reabilitadas sete estações elevatórias, situadas nos concelhos de Faro e Olhão, para garantir o funcionamento de um sistema que se propõe reduzir em 40% o consumo da energia face aos processos convencionais. 

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