Quatro candidatos para cada bolsa para estudar no interior

Programa Mais Superior teve o dobro da procura em relação ao ano passado. Governo estuda a hipótese de aumentar número de alunos apoiados.

Foto
Adriano miranda

O Governo decidiu apoiar mais 175 alunos que pretendam estudar em instituições de ensino superior do interior do país do que no ano passado. Mas o número de bolsas está longe de ser suficiente para a procura que o programa Mais Superior teve no arranque deste ano lectivo. A Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES) recebeu mais de 6300 candidaturas, um número que é quatro vezes mais elevado do que os apoios disponíveis.

O período de candidaturas a este apoio de 1500 euros anuais terminou a 15 de Novembro e 6337 estudantes manifestaram a intenção de receber a bolsa Mais Superior — que é distinta da bolsa de Acção Social e que, quando é atribuída, dura até ao final do curso. As candidaturas foram abertas mais cedo do que é habitual, antes mesmo do arranque das aulas, o que pode ajudar a explicar o aumento de procura verificado.

“A cada ano que passa, os estudantes conhecem mais os programas disponíveis. O boca-a-boca vai funcionando”, acrescenta o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Fontainhas Fernandes, que considera “muito positivo” o total de candidaturas ao programa. É o número mais elevado desde que o Mais Superior foi criado, em 2014.

O problema é que há quatro candidatos para cada bolsa disponível — o Governo tinha-se comprometido a financiar 1605 novos estudantes neste ano lectivo. “Uma procura como estas torna clara a necessidade de reforçar este programa”, defende o presidente do CRUP, para quem “faria todo o sentido” que os fundos comunitários disponíveis através dos programas regionais fossem canalizados para este efeito.

Ao PÚBLICO fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, avança que, “tendo em consideração a importância do programa e este número de candidaturas”, estão a ser “desenvolvidos todos os esforços” para que o número de bolsas atribuídas possa ser reforçado ainda este ano. A tutela não se compromete para já com qualquer número ou prazo.

As candidaturas apresentadas até 15 de Novembro estão agora a ser analisadas pela DGES. As primeiras novas bolsas ao abrigo deste programa devem ser pagas até ao final de Janeiro.

No último ano lectivo, um total de 3690 alunos eram já apoiados ao abrigo do Mais Superior. Este é um programa de incentivo à frequência do ensino superior público em regiões do país “com menor procura e menor pressão demográfica”, abrangendo também os estudantes que interromperam os seus estudos.

As bolsas, num valor de 1500 euros anuais, podem ser requisitadas quer por estudantes que reingressam no mesmo curso que anteriormente frequentaram, quer por aqueles que mudam de instituição de ensino e/ou curso. A verba destinada a apoiar os alunos tem uma majoração, que pode chegar a mais 225 euros por ano, para quem ingressa no ensino superior através do concurso para maiores de 23 anos e para os alunos dos cursos técnicos superiores profissionais.

Das 1605 novas bolsas Mais Superior que estão disponíveis este ano, a maior fatia (695) destina-se à região centro, onde estão abrangidos os estudantes que se inscrevam nos politécnicos de Castelo Branco, Guarda, Santarém, Tomar, bem como na Universidade da Beira Interior e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital, que pertence ao Politécnico de Coimbra.

Ao Alentejo estão destinadas 395 bolsas (Universidade de Évora e politécnicos de Beja e Portalegre) e no Norte estão previstas 375 (politécnicos de Bragança e Viana do Castelo e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). São ainda abrangidas por este programa as universidades dos Açores, da Madeira e do Algarve.

Sugerir correcção
Comentar