Centro Hospitalar do Porto não descola do pódio. Pelo quinto ano é o melhor do país

Ranking distingue as melhores unidades do SNS. Pela primeira vez houve prémios atribuídos aos hospitais que se destacaram em vários níveis de procedimentos clínicos efectuados nas áreas cardíaca e respiratória.

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O Centro Hospitalar do Porto, que engloba o Hospital Santo António, volta a ter a melhor avaliação

O Centro Hospitalar do Porto (CHP) venceu o ranking Top 5 – A excelência dos Hospitais 2018 pelo quinto ano consecutivo, tantos quanto tem este sistema de avaliação realizado pela consultora Iasist. O galardão foi-lhe atribuído na categoria das unidades mais diferenciadas do país (com mais especialidades e intervenções mais especializadas). O CHP engloba o Hospital de Santo António, o Centro Materno-Infantil do Norte Dr. Albino Aroso, Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório e Centro de Genética Médica Doutor Jacinto de Magalhães.

Este ano, além do prémio de mérito global, também foram atribuídos galardões aos hospitais que se destacaram em vários níveis de procedimentos clínicos efectuados nas áreas cardíaca e respiratória.

A lista de vencedores foi divulgada esta terça-feira, em Lisboa. As unidades de saúde foram avaliadas pelos resultados conseguidos em 2017, com base em critérios de qualidade, como mortalidade, complicações e readmissões, e de eficiência, como tempo de internamento, custos por doente padrão e as cirurgias de ambulatório realizadas dentro do universo de intervenções que podem ser feitas sem recurso a internamento.

ranking conta com o patrocínio do Presidente da República e do Ministério da Saúde e com o apoio da Administração Central do Sistema de Saúde. Foram avaliadas mais de 40 unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ficando de fora os hospitais que se dedicam em exclusivo a um tipo de doença. Caso dos institutos de oncologia, centros de reabilitação, hospitais psiquiátricos e o Instituto Gama Pinto (oftalmologia).

Os hospitais são divididos em quatro grupos, de acordo com a dimensão e diferenciação. Há um quinto grupo que engloba as Unidades Locais de Saúde (ULS), modelo que junta hospitais e centros de saúde sob a mesma gestão. A divisão é semelhante à usada pelo Ministério da Saúde.

No grupo E, em que estão os maiores hospitais do país, o vencedor foi o Centro Hospitalar do Porto. Desde que este ranking foi criado que o primeiro lugar do pódio tem sido seu. Na lista de nomeados estavam também o Centro Hospitalar de São João e o Centro Hospitalar de Lisboa Norte.

No grupo D a distinção foi atribuída ao Hospital de Braga — uma parceria público-privada (PPP) —, vencedor das edições de 2017 e 2016. Dividiu a lista de nomeados com os centros hospitalares Tondela-Viseu e Gaia/Espinho. No grupo C o galardão foi entregue ao Hospital de Cascais, também gerido em PPP, que já tinha conquistado o mesmo prémio em 2016. Estavam também nomeados para este grupo o Hospital Beatriz Ângelo (PPP) e o Centro Hospitalar de Leiria.

Já no grupo B, o prémio foi entregue ao Hospital Distrital da Figueira da Foz. Estavam ainda nomeados o Hospital de Vila Franca de Xira (PPP) e o Hospital de Barcelos. A finalizar, no grupo das ULS a vencedora foi a ULS do Alto Minho, pelo segundo ano consecutivo. As ULS do Litoral Alentejano e de Matosinhos completavam a lista de nomeados.

Todas as PPP nomeadas

À semelhança de anos anteriores, todos os hospitais geridos em PPP voltam a estar na lista de nomeados, com dois a vencerem os respectivos grupos. Manuel Delgado, ex-secretário de Estado da Saúde e director da Iasist Portugal — cargo que ocupava antes de ingressar no Governo — explica porque é que estas unidades voltam a estar em lugares cimeiros.

“Têm um modelo de organização que resulta mais eficiente. Geralmente são hospitais em que os doentes ficam menos tempo internados e em que o rácio médico/doente padrão é mais eficiente, assim como rácio enfermeiro/doente padrão. Ou seja, a sensação que temos é que os hospitais PPP têm alguma vantagem organizacional sobre os hospitais EPE [com gestão de entidade pública empresarial e que são a maioria das unidades do SNS], não tanto na qualidade do que fazem — em termos de qualidade assistencial os hospitais EPE estão ao nível das PPP —, mas nos recursos que põem à disposição dos doentes”, diz ao PÚBLICO. Em suma: “Resulta daqui menos tempo de internamento para os doentes e resulta mais produtividade dos seus profissionais.”

ranking Top 5 – A Excelência dos Hospitais, explica o responsável, também avalia na dimensão técnica o número de cirurgias feitas em ambulatório, ou seja aquelas que não requerem internamento. “Premiamos os hospitais que têm mais capacidade para substituir os procedimentos cirúrgicos com internamento pelos em ambulatório, o que também traz mais segurança para o doente”, ao reduzir o risco de exposição a infecções hospitalares.

Prémios nas áreas cardíaca e respiratória

O objectivo destas avaliações, afirma Manuel Delgado é “dinamizar a competitividade” entre os hospitais e “passar para o cidadão informação sobre o prestígio dos hospitais” e quais “têm melhor desempenho numa ou outra área clínica”. Este ano, pela primeira vez, o ranking vai também galardoar hospitais que se destacam pela sua qualidade e eficiência em cardiologia e na área respiratória. Nos anos seguintes o objectivo é analisar outras áreas clínicas.

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No total vão ser atribuídos cinco prémios: dois na área respiratória e três na área do coração. Assim, os primeiros vencedores na área respiratória foram o Hospital de Cascais e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. No coração mereceram destaque os hospitais de Cascais, de Braga e o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

Os prémios foram atribuídos de acordo com níveis de procedimentos clínicos efectuados. Por exemplo, “na área respiratória há um prémio para um nível mais básico que são os hospitais que tratam pneumonia e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e um para um nível mais elevado para os hospitais que tratam doenças neoplásicas [por exemplo, cancro do pulmão]”. Na área do coração, continua Manuel Delgado, o primeiro nível contempla o enfarte agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e arritmias. O mais elevado inclui a cardiologia de intervenção.

Manuel Delgado reforça a explicação na escolha da metodologia por níveis de procedimentos: “Não quisemos prejudicar os hospitais que tecnicamente estão limitados, mas fazem algumas coisas”. Sobre a escolha de cardiologia e da área respiratória para iniciar as avaliações clínicas, o responsável refere que “são áreas que do ponto de vista epidemiológico são muito importantes”.

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