Macron propõe rever preços dos combustíveis e tenta acalmar "coletes amarelos"

Presidente francês anunciou uma série de medidas sobre a transição ecológica depois de um fim-de-semana de violentos protestos.

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LUSA/IAN LANGSDON / POOL

O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs rever o imposto sobre os combustíveis a cada três meses de forma a adaptar-se à variação dos preços do petróleo. Esta é uma das propostas que apresentou nesta terça-feira para acalmar a ira do movimento “coletes amarelos” que paralisa França em protestos contra a subida dos impostos e que geraram confrontos com as autoridades durante o fim-de-semana.

Numa conferência de imprensa que durou uma hora no Palácio do Eliseu, em Paris, Macron disse que haverá um “debate nacional” sobre a transição ecológica que implicou o aumento dos impostos sobre os combustíveis, e particularmente sobre o diesel. Abriu a porta à participação dos “coletes amarelos” nesse debate.

No entanto, o Presidente francês garantiu que a violência nas ruas não o vai fazer mudar de rumo relativamente à transição ecológica.

Numa altura em que a sua popularidade desce a cada dia que passa, Macron admitiu que as políticas do seu Governo têm de ser mais inteligentes e eficazes de forma a não deixar os cidadãos das zonas rurais para trás.

“Não devemos mudar de rumo, porque a direcção política é a certa e a necessária”, disse. “Mas precisamos de mudar a forma como trabalhamos porque vários dos nossos cidadãos sentem que este caminho político é-lhes imposto desde cima”.

“Precisamos de uma forma de trabalhar que torne estes impostos mais inteligentes”, afirmou, apresentando a proposta de rever o preço dos combustíveis a cada três meses. Apesar disso, os pormenores sobre a forma como esta medida seria implementada ficaram por explicar.

“Devemos ter em conta o descontentamento social, mas hoje há um alarme ambiental”, explicou o Presidente francês. “O nosso primeiro objectivo é desintoxicar as energias fósseis. Durante várias semanas, um movimento de protesto cresceu no país. Isso deu origem a uma violência inaceitável. Eu não confundo desordeiros com concidadãos que protestam”, avisou.

“Não podemos estar na segunda-feira pelo meio ambiente e na terça-feira contra o aumento dos preços dos combustíveis”, referiu.

Redução da energia nuclear

Macron anunciou ainda que não vão ser encerrados quaisquer reactores nucleares, para além do de Fessenheim, perto da fronteira com a Suíça, até ao final do seu mandato, em 2022. O chefe de Estado disse porém que o país vai reduzir a sua quota de produção de energia nuclear para os 50% até 2035 – actualmente é de 75% –, garantindo que não a vai extinguir por completo, como pretende fazer a Alemanha.

“Eu não fui eleito com a promessa de deixar a energia nuclear mas de reduzir a taxa do nuclear na nossa energia para os 50%”, disse.

A partir de 2022, e, concretamente, até 2030, vão ser encerrados entre quatro a seis reactores nucleares, dois em 2027/2028 e, se for possível, dois em 2025/2026.

Para já, Macron garantiu que no Verão de 2020 a central nuclear de Fessenheim será encerrada. O seu antecessor, François Hollande, tinha já prometido encerrá-la, mas tal acabou por não acontecer.

“Recuso-me a aceitar que a transição ecológica acentue as desigualdades territoriais”, afirmou. “Nos próximos três meses quero um debate nacional” que inclua todos os territórios, disse ainda Macron, garantindo que os “coletes amarelos poderão participar”.

Até ao momento, não há resposta às propostas de Macron por parte dos “coletes amarelos”. Estes tinham deixado a garantia que queriam negociar as suas exigências directamente com o Presidente. Na segunda-feira foram escolhidos os representantes do movimento para apresentarem formalmente as suas propostas.

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