A confusão medrosa

Espero que a Amazon, a quem devemos tantas horas de prazer, não caia na armadilha de achar que deve ser ela a julgar Woody Allen

Não interessa se acreditamos em Woody Allen, Soon-Yi Previn e Moses Farrow ou em Dylan Farrow, Ronan Farrow e Mia Farrow.

Nem sequer interessa se gostamos dos filmes de Woody Allen. O que interessa é se achamos que as más (ou boas) pessoas têm o direito de fazer filmes que o público possa ver.

Eu acredito em Woody Allen e gosto dos filmes dele mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu quero ver os filmes do Woody Allen - seja ele mau ou bom.

Olho para a minha biblioteca e, se fosse tirar os livros de todos os escritores que fizeram maldades, ficava com duas prateleirinhas de santidade.

Por acaso o alegado abuso sexual de Dylan Farrow (em 1992) foi amplamente investigado pelo procurador do estado de Connecticut que não fez qualquer acusação e pelo departamento de serviços sociais de Nova Iorque que não encontrou "provas credíveis".

Em Outubro de 2017 Woody Allen concluiu as filmagens de A Rainy Day In New York. Entretanto, por altura do movimento Me Too, alguns actores do filme começaram a dizer que estavam arrependidos de terem entrado no filme e ofereceram os cachets à Time's Up.

Passou-se um ano e a Amazon, enervada pelo ambiente, ainda não disse quando é que o filme vai ser estreado - se é que vai ser estreado.

Espero que a Amazon, a quem devemos tantas horas de prazer, não caia na armadilha de achar que deve ser ela a julgar Woody Allen como possível abusador sexual.

Esconder do público um filme de Woody Allen é que é um crime de certeza. E aí sim, a Amazon será julgada pela cobardia.

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