Hospital de Santarém negoceia contratação de quatro cardiologistas

A falta de especialistas obrigou ao encerramento da unidade coronária durante alguns períodos. Administração espera que situação esteja normalizada até ao final do ano.

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A falta de médicos cardiologistas está a impedir o normal funcionamento da unidade coronária do Hospital Distrital de Santarém (HDS). Aquele serviço, que trata de doentes com arritmias graves ou insuficiência cardíaca, tem sido fechado por vários períodos por não ser possível ter na escala especialistas durante 24 horas. O director clínico explica que o serviço só será reaberto quando estiverem garantidas todas as condições de segurança. Para resolver o problema, o hospital tem a decorrer um processo de contratação de quatro cardiologistas.

“O estado em que este conselho de administração encontrou a base assistencial do HDS é, em alguns serviços, de extrema gravidade”, começou por dizer o director clínico, para em seguir explicar que a unidade coronária deve funcionar 24 horas por dia, serviço assegurado pelo cardiologista de urgência.

“Fruto de demissão de mais um cardiologista, dispensa a pedido de urgências de outro e demissão anunciada de outro para Dezembro, o HDS ficou sem capacidade funcional”, disse Paulo Sintra ao PÚBLICO, em resposta por escrito. Em suma, continua, o hospital “ficou resumido a um cardiologista a tempo inteiro e quatro a tempo parcial, sendo que apenas um continua a fazer 24 horas de urgência e ainda alguns turnos extraordinários”.

Quanto ao encerramento da unidade coronária, o director clínico explicou que “a unidade reabre logo ou sempre que as condições de segurança (cardiologista 24 horas por dia) estejam asseguradas”.

“Temos o objectivo de retomar o normal funcionamento até ao final do ano”, assumiu Paulo Sintra, que explicou que o conselho de administração, que tomou posse em Julho, “tem-se desdobrado em contactos tendo neste momento assegurados mais cinco prestadores de cardiologia”.

“Além disso, e como forma de robustecer o serviço nas suas múltiplas actividades e projectos para além da urgência, encetou negociação directa para contratação com outros quatro cardiologistas e tem ainda seis outros interessados em prestar serviço na urgência (mas ainda sem contrato)”, acrescentou o responsável.

Doentes encaminhados para Lisboa

Dois dos médicos prestadores já contratados têm origem no Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), unidade que “têm sido uma ajuda incomensurável”, reconhece o responsável do hospital de Santarém.

Quanto à resposta aos doentes quando a unidade não está a funcionar, Paulo Sintra explicou: “Sempre que não temos cardiologista em presença, os doentes são direccionados directamente para o hospital de referência (CHLC), estando o CODU Lisboa e ARSLVT [Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo] informados. Quando temos o turno garantido, são tratados e encaminhados de acordo com o nível de gravidade. Os doentes só voltam do CHLC quando estão equilibrados e não necessitam de uma unidade de coronária. Ou seja, um procedimento idêntico aos hospitais distritais da área que também não têm unidades coronárias”.

O hospital tem cinco jovens médicos a fazer formação de cardiologia. O director clínico garantiu que “a formação dos internos está assegurada em todas as suas valências, sendo desejável interessá-los pelo projecto que agora nasce de modo a retê-los pois são todos de grande qualidade e dedicação ao HDS”.

A situação da unidade coronária do HDS motivou perguntas do PSD ao Ministério da Saúde sobre que medidas estão a ser tomadas para reactivar a unidade para cativar mais médicos para aquele hospital e se mantém. Os sociais-democratas lembram que o HDS “tem sofrido, como tantos outros, os efeitos das mais diversas decisões políticas que condicionam a qualidade do serviço prestado, a sua autonomia e sobretudo a sua sustentabilidade”. “A dificuldade mais recente parece ser o encerramento da sua unidade de coronária”, afirmam os deputados do PSD no documento a 5 de Novembro.

Também o BE quis saber o mesmo do Ministério da Saúde e enviou questões a 7 de Novembro, lembrando que a unidade coronária “é uma unidade de internamento de síndromes coronários agudos, arritmias graves, insuficiência cardíaca aguda, síndromes aórticos agudos, emergências hipertensivas, embolia pulmonar e outras situações de alto risco”.

As perguntas ainda não tiveram resposta do ministério.

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