Este foi o ano mais negro da Amazónia na última década

Bolsonaro pode agravar o desmatamento na Amazónia, dando luz verde a projectos da bancada ruralista no Congresso, diz a Greenpeace.

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Área recentemente desmatada na Amazónia, perto de Novo Progresso, no Pará Nacho Doce/REUTERS

No último ano, a floresta da Amazónia brasileira perdeu árvores numa área total de 7900 km2, que é uma enormidade equivalente a 987.500 campos de futebol. São cerca de 1.185.000.000 árvores abatidas, para dar caminho a projectos agrícolas, barragens, estradas, diz a Greenpeace Brasil, citando os números de vários organismos oficiais de vigilância do desmatamento da Amazónia: são os piores números da última década.

O Ministério do Ambiente brasileiro divulgou os seus números também esta semana, com dados de observação por satélite. Segundo o jornal Folha de São Paulo, durante o período de campanha eleitoral, de Agosto a Outubro deste ano, houve até uma explosão no desmatamento, que cresceu 48,8% em relação a igual período do ano anterior.

Se com a governação de Michel Temer houve já um agravamento da exploração da Amazóniao Presidente fez várias concessões à bancada ruralista –, teme-se que com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro esta situação sofra um novo agravamento. Há uma série de propostas legislativas no Congresso defendidas pela bancada ruralista que se espera que avancem com a nova maioria de direita, afirma a Greenpeace. Até porque a ministra da Agricultura vem desse sector.

"Flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, ataque aos direitos indígenas e quilombolas, adiamentos do Cadastro Ambiental Rural, tentativas de redução de áreas protegidas e paralisação das demarcações de Terras Indígenas" são alguns dos exemplos de legislação salientados pela organização.

"Esse conjunto de propostas beneficia quem vive de desmatar a floresta e roubar o património natural dos brasileiros", afirmou Rómulo Batista, da campanha da Amazónia do Greenpeace, citado num comunicado de imprensa.

"O Presidente eleito prometeu atacar exactamente o que fez o desmatamento diminuir. Quer autorizar a exploração de Terras Indígenas e Unidades de Conservação e enfraquecer o poder de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais. Tudo o que funcionou no combate à destruição florestal está sob ameaça", afirmou ainda Rómulo Batista. "Se concretizadas, essas propostas levarão a uma explosão da violência no campo e colocarão em risco a esperança climática do planeta."

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