Portugal registou a maior taxa de mortalidade por pneumonia em 2015

Em Portugal 57,7 pessoas em cada 100 mil habitantes morreram por pneumonia, em 2015, segundo dados do relatório Health at a Glance 2018, publicado pela OCDE.

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Rui Gaudencio

Em Portugal 57,7 pessoas em cada 100 mil habitantes morreram por pneumonia, em 2015. Os dados fazem parte do relatório Health at a Glace 2018, que analisa dados de 36 países europeus — entre os quais os 28 que fazem parte da União Europeia. De acordo com o documento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicado esta quinta-feira, dos países analisados, Portugal foi o que registou a mortalidade por pneumonia mais elevada daquele ano.

As doenças respiratórias são a terceira causa de morte na Europa. Em 2015 foram responsáveis pela morte de mais de 440 mil pessoas, um acréscimo de 15% em relação ao ano anterior. A maioria dos óbitos (90%) ocorreu em pessoas com 65 ou mais anos. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), pneumonia, asma e a gripe são as principais causas de mortalidade.

De acordo com o relatório, a mortalidade por doenças respiratórias nos países europeus é maior nos homens do que nas mulheres. “Em parte está relacionados com maiores taxas de tabagismo nos homens”, diz o documento, salientando que “o consumo de tabaco é um importante factor de risco da DPOC e outras doenças respiratórias”.

O documento refere que a DPOC matou, em 2015 nos países europeus, mais de 180 mil pessoas, representando cerca de 40% da mortalidade por doenças respiratórias. Já a pneumonia foi responsável pela morte de 140 mil pessoas, tendo um peso de 30% na mortalidade por doenças respiratórias.

“Portugal, Eslováquia e Reino Unido têm as taxas mais altas de mortalidade por pneumonia, enquanto a Finlândia, a Grécia e a Áustria têm as mais baixas. Os principais factores de risco para a existência de pneumonia são a idade, o consumo de tabaco e álcool, ter DPOC ou estar infectado com o VIH”, afirma o relatório.

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E no caso da pneumonia, Portugal não fica bem na fotografia. De acordo com os dados do Health at a Glace, em 2015 no nosso país  morreram 57,7 pessoas em cada 100 mil habitantes. O valor mais alto de todos os países analisados. A média da União Europeia foi de 28,1 mortes por 100 mil habitantes.

“Muitas das doenças respiratórias podem ser prevenidas com a redução de factores de risco, nomeadamente consumo de tabaco e aumento da vacinação para a gripe e para a pneumonia. Sobretudo, entre os mais idosos e outros grupos vulneráveis”, aponta a OCDE.

Doenças do aparelho circulatório

Mas são as doenças do aparelho circulatório que continuam a ser a principal causa de morte em quase todos os países da Europa. Segundo o documento, foi responsável, em 2015, por cerca de 1,9 milhões de mortes. Entre estas doenças estão a doença isquémica do coração e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que juntos representam cerca de 55% de todas as mortes por doenças do aparelho circulatório.

“A taxa de mortalidade por doença isquémica do coração é mais alta na Lituânia, Letónia, Eslováquia e Hungria, com valores por 100 mil habitantes que é três vezes superior à da meia da União Europeia. Os países com as menores taxas de mortalidade são a Holanda, Portugal e Espanha, com valores cerca de duas vezes menores que a média da união Europeia”, diz o Health at a Glace 2018.

Entre 2013 e 2015, a média europeia foi de 127 mortes por 100 mil habitantes. Portugal registou 67 mortes por 100 mil habitantes, o terceiro valor mais baixo entre os países da União Europeia.

1,3 milhões de mortes por cancro na Europa

As doenças oncológicas são a segunda causa de morte nos países europeus. Segundo o relatório, em 2015, foram responsáveis por cerca de 1,3 milhões de óbitos. A meia da União Europeia foi de 261 mortes por 100 mil habitantes. Chipre, Finlândia, Malta, Espanha e Suécia registaram as taxas mais baixas, enquanto que Hungria, Croácia, Eslováquia, Eslovénia e Polónia tiveram as mais altas. Portugal registou naquele ano 242 mortes por 100 mil habitantes.

Em todos os países, aponta o documento, as taxas de mortalidade por cancro são mais altas nos homens do que nas mulheres. Mas “esta diferença de género é particularmente alta na Letónia, Lituania, Estónia, Espanha e Portugal, com taxas de mortalidade duas vezes maiores nos homens do que nas mulheres”. Segundo os dados, no caso de Portugal morreram 350 homens por 100 mil habitantes, enquanto nas mulheres morreram 166 por 100 mil habitantes.

Esta diferença, afirma a OCDE, “pode ser explicada pela maior prevalência de factores de risco nos homens, como por exemplo o consumo de tabaco e álcool, assim como a menor disponibilidade ou uso de programas de rastreio de cancros que afectam os homens.

Portugal tem quatro rastreios oncológicos — mama, colo do útero e do cólon e recto —, que estão em diferentes fases no país.

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