Ferro elogia João Lourenço pela "coragem e determinação" em afirmar a democracia em Angola

Presidente da Assembleia da República salienta que o que torna “singular” a amizade luso-angolana são “os laços de afecto e de solidariedade” entre os dois povos.

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Ferro discursa na AR Rui Gaudêncio
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João Lourenço à chegada a São Bento Miguel Manso
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Entrada em plenário Rui Gaudêncio
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Ferro indica lugar a João Lourenço Rui Gaudêncio

“Estados iguais e amigos”, cujo relacionamento se desenvolve na base da “igualdade e respeito mútuo”: assim se caracterizam as relações entre Portugal e Angola desde a independência, nas palavras do presidente da Assembleia da República na abertura da sessão solene dedicada a assinalar o início da visita de Estado do Presidente João Lourenço a Portugal.

Mas Ferro Rodrigues haveria também de fazer questão de "saudar pessoalmente" o Presidente angolano "pela sua coragem e determinação em afirmar em Angola um Estado democrático de direito" e de lhe desejar as "maiores felicidades".

Segundo o presidente do Parlamento português, os dois países reconhecem as suas diferenças, "mas o que prevalece é o calor humano, a vontade de trabalhar em conjunto, de cooperar, de conviver". A nível bilateral, a segunda figura do Estado português sublinhou o diálogo institucional, o intercâmbio de visitas oficiais e o comércio: "Todos estamos cientes da importância do mercado angolano para os nossos exportadores, para os nossos investidores."

Ferro Rodrigues salientou também que “falar do relacionamento luso-angolano é falar antes do mais do relacionamento entre as pessoas, de todas aquelas e aqueles que no seu dia-a-dia a sustentam”. Lembrou que em Angola residem e trabalham actualmente cerca de 135 mil portugueses que na sua maioria ali refizeram as suas vidas e cujo trabalho e dinamismo são um “contributo relevante para o progresso e desenvolvimento de Angola”, em especial depois das décadas de conflitos – primeiro na guerra colonial, depois a civil. Esse contributo económico “é também um elo indissolúvel do relacionamento luso-angolano”.

A essa realidade de portugueses em Angola, somam-se, do lado de cá, os cerca de 17 mil angolanos que estudam e trabalham em Portugal e que enriquecem “o nosso tecido social e cultural”.

O presidente da Assembleia da República passou então a outro laço que “congrega” os dois países: a língua portuguesa. Lembrou a literatura de Agostinho Neto, de José Luandino Vieira, de José Eduardo Agualusa e de Pepetela e ainda a língua portuguesa usada pela comunicação social angolana.

A "pertença comum" da CPLP

“Uma excelente ilustração no ensino é a Escola Portuguesa de Luanda, aberta em 1986 e que é sinónimo de qualidade”, citou Ferro Rodrigues, acrescentando a "pertença comum" à CPLP, instituição reconhecida pela comunidade internacional.

A CPLP é um espaço “privilegiado de diálogo, de cooperação e de acção entre os seus membros”, apontou Ferro Rodrigues, salientando a sua acção em matérias como as relações consulares, no cinema, no combate à malária, no ensino superior ou ainda em questões de juventude e desporto.

Aquela instituição “tem uma capacidade multiplicadora” que interessa promover para projectar os seus países-membros na comunidade internacional, com uma voz e interesses próprios. “Podemos fazê-lo a nível dos Governos, mas devemos também fazê-lo entre Parlamentos", salientou Ferro Rodrigues falando depois do relacionamento entre deputados portugueses e angolanos na União Interparlamentar e reiterando o seu "pleno apoio" para que em Luanda seja instalada a sede do Secretariado da Assembleia Parlamentar da CPLP.

Antes, Ferro lembrara que a cooperação parlamentar entre Luanda e Lisboa remonta a 1987 e que o actual programa vigora até Dezembro deste ano - baseia-se no desenvolvimento de tecnologias de informação e de ferramentas que "melhorem a visibilidade do trabalho parlamentar pelos cidadãos". Está também a ser preparado outro para 2019-20.

Eduardo Ferro Rodrigues haveria de terminar a sua intervenção citando um poema do luso-angolano Luandino Vieira: "A pergunta no ar / No mar / Na boca de todos nós: / - Luanda onde está?" Foi o próprio presidente da Assembleia da República que se apressou a responder: "A esta pergunta respondo: Luanda está nos nossos corações. Angola está nos nossos corações."

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