Sul-coreano vence russo na corrida à presidência da Interpol

EUA e vários países europeus fizeram pressão contra a possibilidade de general russo ocupar o cargo.

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Alexander Prokopchuk foi derrotado por Kim Jong-yang Reuters

O sul-coreano Kim Jong-yang foi escolhido nesta quarta-feira como presidente da Interpol, derrotando a candidatura de um general próximo do Presidente russo Vladimir Putin.

Os EUA e vários países europeus pressionaram contra a candidatura de Alexander Prokopchuk, general no Ministério do Interior da Rússia e que era um dos vice-presidentes da Interpol. Temiam que se Prokopchuk ocupasse o cargo, a Rússia usasse ainda mais o sistema de “alerta vermelho” da Interpol para perseguir opositores internos.

A Ucrânia ameaçara mesmo deixar a Interpol se este fosse eleito; o deputado europeu Guy Verhofstadt disse que caso Prokopchuk fosse eleito, "países livres e democráticos" teriam "que pensar noutra organização paralela". 

Prokopchuk levou a cabo uma política de ataque e perseguição sistemática a críticos do regime e dissidentes, diz o diário britânico The Guardian. Bill Browder, grande crítico de Putin que fez campanha por sanções ocidentais à Rússia, foi alvo de várias tentativas por parte do gabinete de Moscovo da Interpol, então chefiado por Prokopchuk, para lhe aplicar o “aviso vermelho” de detenção. Mas estas propostas da Interpol russa foram sempre recusadas pelo gabinete central da organização, que desconfiou de motivações políticas.

Numa conferência de imprensa em Londres, Browder comentou: “Não deverá haver pessoa menos apropriada do que esta nem país menos apropriado do que a Rússia para ter qualquer posição de liderança na Interpol.”

A Rússia acusou os críticos de levarem a cabo “uma campanha para desacreditar” Prokopchuk.

Kim ocupava o cargo interinamente depois do desaparecimento do seu antecessor, Meng Hongwei, na China, em Setembro. Pequim diz que Meng Hongwei está a ser investigado por aceitar subornos; a sua mulher, Grace Meng, diz que o marido lhe enviou uma mensagem com uma imagem de uma faca, um sinal de que estava em perigo, e a mensagem: “Espera que te ligue”. Nunca ligou. 

Kim foi eleito pelos 94 estados que integram a Interpol no congresso anual da organização no Dubai, e terminará o mandato que pertencia a Meng e que vai até 2020.

Os “avisos vermelhos” da Interpol são uma espécie de lista dos “mais procurados” do mundo, em que um Estado avisa os restantes de que procura um determinado suspeito e pede que este seja localizado e detido para ser depois extraditado.

O alerta feito agora em relação a Prokopchuk sobre potenciais abusos deste mecanismo já tinha sido feito há dois anos quando Meng foi eleito, com a Amnistia Internacional a criticar “o método antigo da China tentar usar a Interpol para prender dissidentes e refugiados no estrangeiro”.

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