OCDE vê Portugal a convergir com a zona euro até 2020

Entidade com sede em Paris é a mais optimista com Portugal entre todas as organizações internacionais, com previsões em linha com o Governo para a economia e as finanças públicas.

Foto
Angel Gurría, secretário geral da OCDE Rui Gaudencio / Publico

Apesar de rever ligeiramente em baixa a sua previsão de crescimento para Portugal, a OCDE reforçou esta quarta-feira a sua posição de instituição internacional mais optimista relativamente à evolução da economia portuguesa, antecipando a manutenção, durante este ano e os próximos dois, do processo de convergência face à média europeia.

No seu relatório semestral sobre a situação da economia mundial, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) projecta, num cenário global de abrandamento, que Portugal cresça 2,1% em 2019. Este valor representa um ligeiro abrandamento face aos 2,2% estimados para este ano e significa que a OCDE reviu ligeiramente em baixa as suas expectativas, já que há seis meses tinha avançado com uma previsão de crescimento de 2,2%.

A nova previsão da organização com sede em Paris mantém-se próxima daquilo que é definido como objectivo pelo Governo. No Orçamento do Estado para o próximo ano, o Executivo está a contar com um crescimento económico de 2,2%.

A OCDE é, neste momento, a instituição internacional com previsões mais favoráveis relativamente à economia portuguesa. Tanto a Comissão Europeia como o Fundo Monetário Internacional estão a antecipar um abrandamento bastante mais forte para 1,8% em 2019.

Para 2020, a OCDE volta a antecipara um abrandamento em Portugal, desta vez para uma taxa de crescimento de 1,9%. Ainda assim, este valor continua a estar acima daquilo que é previsto para a média da zona euro. De acordo com a OCDE, a zona euro irá crescer 1,9% este ano, 1,8% no próximo e 1,6% em 2020, sempre 0,3 pontos percentuais abaixo do desempenho esperado para Portugal.

Deste modo, num cenário de abrandamento global, a economia portuguesa pode conseguir, de acordo com a OCDE, prolongar por mais alguns anos o actual momento de convergência face à média da zona euro. São as economias de maior dimensão, como a Itália, França e Alemanha que estão a fazer baixar o nível médio de crescimento na zona euro.

Ao explicar as razões de apresentação deste cenário de crescimento em torno de 2% em Portugal até 2020, o relatório divulgado esta quarta-feira assinala que “os ganhos no emprego [taxa de desemprego de 6,4% em 2019] e a subida dos salários reais vão sustentar o crescimento do consumo e um aumento ligeiro da inflação nos próximos anos”. Ainda assim, avisa que existem riscos. “Em particular, um aumento nas taxas de juro pagas nas obrigações emitidas pelo Estado pode conduzir a um stress financeiro, dadas as fragilidades provocadas pela dívida pública alta e o elevado stock de crédito mal parado existente no sistema bancário”.

No que diz respeito às finanças públicas, a OCDE alinha com as metas apresentadas pelo Governo, ou seja, um défice de 0,7% este ano e de 0,2% no próximo, com a obtenção de um excedente em 2020. E elogia a estratégia delineada, afirmando que quaisquer ganhos orçamentais “devem ser usados para reduzir o rácio da dívida pública no PIB ainda mais, já que este ainda está a um nível extremamente elevado, acima de 120%”.

Nos impostos, a OCDE deixa algumas recomendações de mudanças, com subidas em algumas áreas e descidas noutras. O relatório assinala que “há espaço para aumentar a tributação ambiental, para que os preços da energia reflictam apropriadamente os custos ambientais”. Em contrapartida, aconselha a criação de mais créditos fiscais para incentivar o investimento em investigação das empresas mais jovens.

Sugerir correcção
Comentar