Peixe mexicano pode dar pistas sobre regeneração do coração

Investigadores da Universidade de Oxford acreditam que o estudo num peixe poderá conduzir a avanços no campo da medicina regenerativa.

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Um exemplar da espécie Astyanax mexicanus H. Zell/WIKI COMMONS

O peixe tetra-mexicano (Astyanax mexicanus) de superfície, espécie de água doce que habita nos rios do Norte do México, consegue regenerar o seu coração e os cientistas acreditam que uma investigação recente sobre este animal poderá dar pistas para tratamentos cardíacos no futuro.

Um estudo publicado agora na revista Cell Reports descobriu três áreas do genoma do Astyanax mexicanus (que habita nos rios) envolvidas na sua capacidade de regenerar o tecido do coração, enquanto o homólogo deste peixe que habita nas grutas de Pachón, no México, não tem essa capacidade. Um dos genes envolvidos na regeneração é o gene lrrc10, que também está presente nos humanos.

Estes peixes das grutas habitaram também, há cerca de 1,5 milhões de anos, os rios do Norte do México mas foram arrastados por inundações para as cavernas, o que fez com que estes animais se adaptassem às condições do seu novo habitat e a viver em total escuridão. Neste sentido, perderam a visão e a cor.

A comparação destes dois tipos de peixes tetra-mexicanos permitiu chegar à conclusão de que aqueles que habitam nos rios têm a capacidade de regenerar o tecido após lesões cardíacas. Já naqueles que habitam nas grutas, o tecido do coração cicatriza, o que pode dificultar a sua capacidade de bombear o sangue. 

Os investigadores esperam que o estudo, financiado pela Fundação Britânica do Coração, possibilite o desenvolvimento de técnicas que possam modificar artificialmente a forma como os genes funcionam. No futuro, o objectivo passa por descobrir formas de regenerar o músculo do coração em doentes que sofreram ataques cardíacos, evitando que a solução passe pelo transplante em casos mais graves. 

Mathilda Mommersteeg, investigadora da Universidade de Oxford (em Inglaterra), e que fez parte do estudo, disse citada pela BBC que acredita “que este peixe pode dizer-nos, a determinada altura, como podemos reparar o coração humano”, apesar de sublinhar que é preciso uma maior investigação para perceber quais os genes que podem estar envolvidos na regeneração cardíaca.

Texto editado por Teresa Firmino

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