Rui Rio garante que PSD será "responsável" na votação do orçamento

Em causa estão duas medidas: a taxa para combater a especulação imobiliária (BE) e a tributação autónoma sobre viaturas nas empresas (PCP).

Foto
Rui Rio esteve com militantes em Braga LUSA/PAULO NOVAIS

O líder do PSD afirmou na segunda-feira à noite que com a proposta do PCP que vai contra o aumento da tributação sobre as frotas das empresas. Já sobre a medida do Bloco de Esquerda que propõe taxar as mais-valias para combater a especulação imobiliária, Rui Rio admitiu que, se ela não for antagónica à do PSD, não será por ser do Bloco que o PSD votará contra.

Em relação às frotas das empresas, Rui Rio afirmou estar de acordo com o princípio defendido pelos comunistas. "Essa proposta é uma proposta com a qual eu concordo, que não haja um agravamento da tributação autónoma sobre viaturas nas empresas. Concordo com isso", disse, assumindo que o PSD "é um partido com responsabilidade".

"Em função da forma como forem decorrendo as votações na especialidade, imagine que a maioria vai reprovando todas as nossas propostas, nós estamos completamente à vontade para votar essa. De raiz queremos votar, mas não queremos rebentar com o Orçamento", avisou o líder do PSD, que falou à margem de uma reunião com militantes do distrito de Braga.

No caso da proposta do BE, Rui Rio assumiu, contudo, que BE e PSD apresentaram alterações sobre a tributação das mais-valias e disse que "se elas tiverem antagonismos", os sociais-democratas não podem votar a favor da proposta do BE. "Se elas não tiverem antagonismos não é por ser do BE que eu voto contra, isso podem ter a certeza", disse depois.

Uma mentira de OE

Rui Rio também se referiu ao facto de o Orçamento do Estado (OE) ter um "número elevado" de cativações o que significa que "acaba por ser uma mentira" porque o Parlamento aprova um documento, "mas, depois, o Governo executa daquilo o que lhe apetece".

"É preciso que as pessoas entendam isso, é que o OE quando tem um número elevado de cativações acaba por ele próprio ser uma mentira porque é aprovado um OE no Parlamento, mas, depois, o Governo executa daquilo o que lhe apetece, não executa tudo", afirmou Rui Rio, em Braga, comentando a notícia do Diário de Notícias que contabilizava as cativações feitas pelo actual Governo, que atingiram os 2. 000 milhões em três anos.

"Esta mentira é grave para todos os portugueses, mas é particularmente grave para o BE e o PCP que andaram a negociar um determinado Orçamento com o Governo, mas o Governo nem cumpre o que acordou com os seus parceiros", apontou.

Rui Rio apontou como exemplo a questão do défice inscrito no OE e no previsto pelo executivo como prova da "mentira" que aquele documento pode ser.

"Este Governo, neste orçamento, a ser assim como está, vai ser aprovado um défice de 975 milhões de euros e o Governo diz que só vai ser 385. Para que isso seja verdade, muito daquilo que está como despesa já sabemos de antemão que não vai ser executado", explicou.

Greve dos juízes

O líder do PSD afirmou ainda estar "de raiz totalmente em desacordo" com a possibilidade de os juízes fazerem greve por "não conceber" que os tribunais, sendo um órgão de soberania, possam aderir a esse tipo de protesto.

"Não vou fazer nenhum comentário político, de raiz estou totalmente em desacordo que os juízes possam fazer greve", disse, em Braga. "Custa-me ver em Portugal os juízes a fazerem greve", declarou. Para Rui Rio "os juízes, os tribunais são um órgão de soberania" e, por isso, não deviam fazer greve.

"Eu não concebo que um órgão de soberania possa fazer greve. Greve fazem os funcionários públicos, não fazem os órgãos de soberania. Os deputados não fazem greve, os ministros não fazem greve, o Presidente da República não faz greve, o primeiro-ministro não faz greve", referiu.

Também o CDS disse, entretanto, ser contrário a greves de órgãos de soberania, mas admitiu que esta posição "extrema e limite" dos juízes "vem comprovar a total incapacidade de o Governo resolver os problemas das classes profissionais".

Aos jornalistas, Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, afirmou, por duas vezes numa declaração de menos de um minuto e 50 segundos, que o seu partido é contra greves de órgãos de soberania, exemplo dos juízes, mas sublinhou que "importa também dizer tudo".

Sugerir correcção
Comentar