Explosão em Cabul mata 50 religiosos que celebravam nascimento de Maomé

Mais de 80 pessoas ficaram feridas no ataque mais mortífero dos últimos meses na capital afegã.

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Pelo menos 50 pessoas morreram numa explosão em Cabul, no Afeganistão, durante uma celebração do aniversário do profeta Maomé.

"Um bombista suicida detonou os seus explosivos dentro do salão onde religiosos islâmicos se tinham reunido para comemorar o nascimento do profeta", disse Najib Danis, porta-voz do Ministério do Interior, citado pela agência Reuters.

"Confirmei que 50 pessoas morreram", acrescentou o porta-voz da polícia, Basir Mujahid, à Reuters.

De acordo com Mujahid, o atacante "fez-se explodir durante uma cerimónia de estudiosos islâmicos", que se realizava num grande salão de festas próximo do aeroporto de Cabul.

"Centenas de religiosos e seus seguidores tinham-se juntado no salão de casamentos para recitar versos do Corão e celebrar o festival do Eid Milad-un-Nabi", disse ainda Basir Mujahid.

“Foi o caos, toda a gente estava a gritar por ajuda. Carregámos os feridos até às ambulâncias. Muitos dos mortos são jovens", disse o investigador de estudos religiosos Mohammad Hanif à AFP, ainda com as roupas cobertas de sangue.

Mais de 80 pessoas ficaram feridas, avança ainda a Reuters, citando fonte do Ministério da Saúde afegão. O canal de televisão Tolo News divulgou relatos de testemunhas que apontam para que estivessem pelo menos mil pessoas no local no momento da explosão.

O atentado não foi ainda reivindicado, mas os Taliban disseram em comunicado que "não estiveram envolvidos no ataque e "condenam a perda de vidas humanas", relata a Reuters.

Os Taliban, que controlam grande parte do território afegão, têm mantido negociações com o enviado especial dos Estados Unidos no Afeganistão para discutir a possibilidade de iniciar conversações de paz. Três dias de negociações terminaram segunda-feira sem que houvesse acordo, mais uma vez, e Zalmay Khalilzad declarou como prazo-limite para estas negociações que tentam pôr fim a 17 anos de guerra Abril de 2019, relatou a Reuters.

Já o Daesh no Afeganistão, que tem reivindicado grandes ataques naquele país, sobretudo contra locais de culto xiitas - considera os seguidores do ramo xiita do islão como heréticos - ainda não se pronunciou.

O Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, considerou em comunicado que a explosão foi um “acto criminoso anti-islâmico”, que derramou "sangue de muçulmanos inocentes". Decretou um dia de luto nacional para esta quarta-feira, no qual as bandeiras dos edifícios diplomáticos no Afeganistão e no estrangeiro estarão a meia-haste.

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão também se mostrou “indignada” pelo ataque, que aconteceu “quando comunidades em todo o Afeganistão marcam um dia de importância religiosa”.

O número de mortos da explosão desta terça-feira é dos mais altos na capital nos últimos meses, depois de dois ataques do Daesh em Agosto, que mataram mais de cem pessoas.

Durante as eleições de Outubro, dezenas de pessoas foram mortas em todo o país.

Ainda que os taliban tenham negociado tréguas de dias ou semanas com Cabul desde o início do ano, no primeiro semestre de 2018 foram contabilizadas 1692 mortes – o número mais elevado até agora –, sendo metade atribuídas a ataques do Daesh, diz a ONU.

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