Andrew Cotton regressa à Nazaré após acidente com onda gigante

Surfista britânico foi "engolido" em 2017 e enfrentou 12 meses de tratamentos intensivos. Desta vez, pretende levar a melhor sobre a ondulação impetuosa.

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Maior onda surfada na Nazaré ultrapassou os 24 metros LUSA/CARLOS BARROSO

Andrew Cotton, surfista britânico de 36 anos, regressará às ondas gigantes da Nazaré, um ano após o assustador acidente que o obrigou a uma recuperação intensiva. Refeito do susto, Andrew voltará a tentar a sorte com as ondas que são imagem de marca da região. “Quando estava a olhar para a ondulação, via ondas gigantes e perfeitas que se dirigiam para a esquerda”, relembra o surfista ao The Guardian. “Comecei a surfar de memória e sabia exactamente o que queria naquele dia: um ‘tubo’ de 20 metros.”

A “onda de sonho”, como Cotton a descreveu, rapidamente se tornou em pesadelo, com o britânico a não conseguir escapar à força hercúlea da água: “Era provavelmente a minha quarta onda do dia e pensei ‘é desta, vou surfá-la’. Foi a melhor onda da minha vida e, possivelmente, a pior. De repente, percebi que a crista não me ia levar tão longe quanto pensava. Consegui vê-la suspensa por cima de mim, portanto saltei da prancha de surf.”

A decisão tomada em milésimos de segundo teria repercussões que se arrastariam durante vários meses. “Foi como saltar do topo de um prédio para um chão de betão”, atesta o surfista. “Caí muitas vezes da minha prancha nos últimos 30 anos mas daquela vez foi diferente.” 

Andrew foi engolido pela onda mas acabaria por ser resgatado instantes depois pelo colega, Hugo Vau, também ele conhecido por dominar as ondas gigantes. O britânico sofreu uma fractura na coluna e, nos primeiros dias após o acidente, não conseguia andar: “Ao início estava a tomar analgésicos e pensei que não fosse tão mau quanto isso. Mas depois colocaram-me uma cinta corporal para verem se eu me conseguia levantar. Nem conseguia levantar os pés da cama.”

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Hugo Vau resgatou surfista britânico instantes após o acidente SEBASTIÃO ALMEIDA / PÚBLICO

Apesar da recuperação penosa, o surfista sente a necessidade de voltar a enfrentar as ondas gigantes, aconteça o que acontecer: “Teria sido muito difícil dizer ‘esquece lá isso’. Tenho uma família, sou canalizador, tenho outras coisas a acontecer. Mas gosto mesmo de surfar ondas gigantes. Algumas pessoas apenas querem uma fotografia mas eu quero isto.”

Agora, Andrew está de volta à Nazaré. “Claro que houve medo quando voltei cá”, admite. “Estava nervoso, a tremer um pouco por causa da adrenalina, mas disse para mim mesmo que é um Inverno longo. Para voltar à acção aos poucos.” Nos treinos para a Nazaré, novo susto: ainda na passada semana, a surfar uma onda de 12 metros, Cotton foi derrubado e a prancha partiu-se ao meio. Em vez de olhar para o recente infortúnio como sinal negativo, o surfista garante estar pronto para partir à conquista da impetuosa ondulação portuguesa.

O recorde actual da maior onda surfada na Nazaré pertence a Rodrigo Koxa. O surfista brasileiro bateu Garrett McNamara, surfando uma onda com 24, 38 metros. Em 2011, McNamara tinha estabelecido o recorde, surfando uma onda gigante com 23,67 metros, menos 61 centímetros do que a onda de Koxa. Em Janeiro de 2018, falou-se de uma onda surfada por Hugo Vau, que se pensava ter ultrapassado os 35 metros, que destruiria o recorde detido, à época, por Garret McNamara. O recorde do norte-americano manteve-se durante sete anos e colocou a vila do concelho de Leiria no mapa do surf internacional

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