Barcelos vai ter Museu do Design Português com parte da Colecção Paulo Parra

Casa Conde de Vilas Boas vai receber uma parte da colecção do professor português. Cerca de 500 peças que representam "as maiores empresas industriais e designers do país" vão estar na base do novo museu.

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O banco Sela Portuguesa é uma das peças do acervo de Design Português da Colecção Paulo Parra DR

A Casa Conde de Vilas Boas, em Barcelos, vai ser recuperada para acolher o Museu do Design Português, com um acervo do coleccionador Paulo Parra, anunciou esta terça-feira o município.

Em comunicado, o município acrescenta que na segunda-feira foi assinado o protocolo para a cedência por 11 anos daquele acervo, que pode ser renovado. O valor das prestações anuais a pagar pelo município a Paulo Parra será de 15 mil euros nos primeiros dois anos e de 35 mil nos seguintes.

A câmara terá direito de opção caso Paulo Parra decida vender a colecção. Terá ainda de editar um livro bilingue sobre a colecção. O museu abrirá num prazo máximo de 18 meses, mas o espólio fica desde já à guarda do município.

Este depósito da Colecção Paulo Parra conta com cerca de 500 peças, que representam "as maiores empresas industriais e designers do país" nas áreas da cerâmica, vidro, madeira, metal, plásticos e papel. É constituída, nomeadamente, por "produtos de referência" de empresas como a Vista Alegre, Electrocerâmica, Porcelanas de Coimbra, Bordalo Pinheiro, Oliva, Hipólito e TAP, entre outras. "Trata-se de um património artístico único na história do design, inovação e tecnologia portuguesas", sublinha o município.

Este não é o único museu a acolher parte da Colecção Paulo Parra, que em 2011 se alojou em Évora no antigo Celeiro Comum, onde funcionava o Centro de Artes Tradicionais de Évora e o antigo Museu de Artesanato de Évora, sob a égide do novo Museu do Artesanato e do Design de Évora (MADE). Em causa estavam então cerca de 2500 peças de design de várias proveniências e um espólio cuja importância tinha já suscitado o interesse do antigo Museu do Design do Centro Cultural de Belém e do Museu do Design e da Moda (Mude) de Lisboa.

Como escreveu o PÚBLICO na altura, a criação do MADE enfrentou resistência de um grupo de cidadãos, que contestava o fecho do Centro de Artes Tradicionais. O MADE foi inaugurado em Novembro de 2011 e encontra-se em funcionamento. Actualmente, segundo documentação de 2016 do próprio coleccionador, a colecção no total compreende cerca de 3500 objectos e mais de 2000 livros e documentos. A sua Colecção de Design Português inclui cerca de 700 objectos, entre os quais cadeiras desenhadas por Marco Sousa Santos, Daciano Costa ou Sena da Silva, o banco Sela Portuguesa do próprio Parra ou máquinas Oliva ou Singer.

Paulo Parra é designer, professor e coleccionador, tendo trabalhos nas áreas de Design de Produto, Transportes e Arquitectura, Design de Exposições, Design de Comunicação e Interfaces e Design Estratégico. A autarquia de Barcelos estima que aquele património tenha um valor "nunca inferior" a um milhão de euros, embora admita que seja um cálculo difícil de fazer, "dado não existirem referências nacionais ou internacionais, que possibilitem uma comparação, pela sua qualidade única". O município considera que, com a criação deste museu, dá um "importante contributo" para um maior conhecimento do design português.

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