Alemanha deixa de vender armas à Arábia Saudita devido a morte de jornalista

Espaço Schengen interditado a 18 sauditas.

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O corpo do jornalista morto a 2 de Outubro nunca foi encontrado ERDEM SAHIN/EPA

A Alemanha suspendeu a venda de armas e de equipamentos de Defesa à Arábia Saudita, incluindo os negócios já aprovados, em resposta ao assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, anunciou o porta-voz do Ministério da Economia.

Há um mês, a Alemanha tinha anunciado que não aprovaria novas exportações de armas para a Arábia Saudita, adiantando que seria feita uma reavaliação dos contratos já aprovados.

O porta-voz do Ministério da Economia, Philipp Jornitz, disse que “o Governo alemão está a trabalhar com as empresas que têm autorizações válidas para que não haja actualmente exportações [de armamento] da Alemanha para a Arábia Saudita”. Acrescentou que foram usados “vários instrumentos” para bloquear as exportações, mas não explicou em que consistiam.

Khashoggi, um jornalista crítico do regime saudita, foi morto a 2 de Outubro no consulado de Istambul. O seu corpo não apareceu. 

O anúncio do Ministério da Economia alemão surge pouco depois de o chefe da diplomacia, Heiko Maas, ter dito em Bruxelas que a Alemanha vai proibir a entrada no espaço Schengen a 18 sauditas suspeitos de envolvimento na morte do jornalista, numa acção coordenada com outros países, nomeadamente a França. Nas suas palavras, os 18 visados estão “alegadamente ligados ao crime”.

Heiko Maas, que falava aos jornalistas em Bruxelas, explicou que a decisão foi tomada em coordenação com a França, que integra o espaço de livre circulação europeu, e com o Reino Unido, que não pertence a Schengen.

A Alemanha vai agora introduzir a identidade dos 18 visados no sistema de informação Schengen (comum a 26 países europeus) para lhes interditar o acesso, precisou o ministro alemão. A entrada no espaço comum de livre circulação europeu só será possível se cada Estado emitir um visto nacional, segundo diplomatas citados pela agência de notícias AFP.

As medidas de Berlim seguem-se a sanções económicas anunciadas, na quinta-feira, pelos Estados Unidos para 17 responsáveis sauditas, incluindo elementos próximos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. As sanções económicas juntaram-se à proibição de viajar para os Estados Unidos já em vigor para os mesmos 17 suspeitos sauditas.

As sanções dos Estados Unidos foram anunciadas no mesmo dia em que o Ministério Público da Arábia Saudita pediu penas de morte para cinco dos acusados de envolvimento da morte do jornalista, admitindo que Jamal Khashoggi foi morto e desmembrado no consulado do país em Istambul.

O Ministério Público ilibou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, suspeito de ter ordenado o assassínio de Jamal Khashoggi.

A Arábia Saudita começou por assegurar que o jornalista tinha saído do consulado vivo, mas depois mudou de versão e admitiu que foi morto na representação diplomática numa luta que correu mal.

Segundo a investigação turca, Khashoggi foi morto por um esquadrão saudita que viajaram para Istambul com esse fim.

As autoridades sauditas detiveram 21 suspeitos de ligações à morte do jornalista, dos quais 11 foram já acusados.

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