"All aboard": Cristina Ferreira lança manual de inglês num autocarro turístico

Segundo Cristina Ferreira, Falar (Inglês) é Fácil. A apresentadora de televisão esteve um ano a aperfeiçoar a língua e agora quer motivar os portugueses a seguir-lhe os passos, com um Manual de Inglês criado em parceria com a Cambridge Assessment English.

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Nuno Ferreira Monteiro

Um autocarro de dois andares, uma dúzia de repórteres de imagem virados para trás a manter o equilíbrio com algum esforço e Cristina Ferreira numa conversa animada com o seu professor de inglês, Jonathan Munro. Assim foi o cenário do lançamento do mais recente livro assinado pela apresentadora de televisão. Com um “all aboard” (todos a bordo), deu o mote para a partida e foi explicando, entre o Marquês de Pombal e Belém, em Lisboa, o que a levou a lançar um manual de língua inglesa.

A capa faz uma promessa: “Falar (Inglês) é Fácil”. A apresentadora já tinha assumido que o seu nível de inglês não era suficiente para conversar com à vontade. "É o meu calcanhar de Aquiles", escreveu em 2016, no livro de memórias Sentir, editado também pela Contraponto. “Tinha o inglês da escola sem prática”, resume agora. Por isso, decidiu voltar às aulas, durante cerca de um ano, com um professor privado. “Quando começámos a estudar comecei a partilhar algumas coisas no Instagram e toda a gente me perguntava ‘como é que Cristina está a estudar’", conta.

Abraçou então um projecto com a Cambridge Assessment English, com o objectivo de combinar o método de ensino base desta instituição britânica, a sua experiência pessoal e as dicas do professor Jonathan Munro. “É um livro para quem já tem uma base de inglês, para o poder aperfeiçoar. Foi o método que o Jonathan usou comigo e que os profissionais de Cambridge condensaram”, explica a apresentadora.

 A matéria está dividida em sete temas, desde My Portugal, o capítulo em que utiliza a geografia de Portugal para fazer exercícios, passando pelas viagens e sentimentos."Decidimos quais as áreas que estariam ligadas a mim e passámos tudo isso aos profissionais de Cambridge”, aponta. Ao longo de cerca de 200 páginas, o livro inclui lições de gramática, vocabulário, exercícios, textos pessoais escritos por Cristina Ferreira. Mas antes de tudo, o primeiro capítulo fala sobre os desafios — ou, antes, challenges.

“A nossa filosofia é motivar. Mostrar que que pessoa pode fazer isso”, explica Jonathan Munro. “Tem a ver com confiança, não com gramática e vocabulário. Acho que as ferramentas estão à frente das pessoas, mas ninguém fala sobre como se sente ao embarcar nesta jornada. E é algo que a Cristina fez”, acrescenta o professor. 

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Nuno Ferreira Monteiro

“As pessoas todas têm vergonha de falar mal inglês. Às vezes digo à equipa da revista ‘bora lá todos falar inglês’. E toda a gente fica em pânico, porque tem medo de falhar”, comenta Cristina Ferreira. “Nas centenas de mensagens que recebi nestes últimos dias, a maior parte das pessoas diz-me isso: tenho muita vergonha de falar; fico sempre aflita quando vou a uma entrevista de emprego; a Cristina tirou-me um bocadinho o peso.”

Assim, a autora contenta-se por ter conseguido mostrar esta “fragilidade” e espera incentivar as pessoas a seguir-lhe os passos. “Acho que tirei um bocadinho o peso e a vergonha”, admite. “A oralidade é complicada. E falar em situações de stress  — num palco com pessoas que não conheço de lado nenhum — pior ainda."

“Há pessoas que dizem ‘a Cristina tem dinheiro, é mais fácil"’, atira ainda, argumentando: “Às vezes desperdiçamos tanto em coisas com menos importância. Cada um tem é de decidir o que é que quer exactamente para a sua vida.”

Segundo um comunicado da editora, em dois dias quase trinta mil pessoas completaram um pequeno teste de auto-avaliação de inglês desenvolvido pela Cambridge English que a apresentadora publicou no seu blogue.

Das aulas ao exame final

A viagem de autocarro começa animada, com uma troca de palavras, ora em inglês ora em português, entre Cristina Ferreira e Jonathan Munro: “Como é que se diz dar a volta ao Marquês? Como é que se diz água-pé? Foot water? Não há tradução!”.

“Estão a perceber porque é que ele é o meu professor”, brinca a apresentadora. Foi há 18 anos que Munro veio para Portugal, para ensinar inglês, na altura com um contrato temporário. Acabou por ficar.

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É a primeira vez que o departamento da universidade de Cambridge se associa a uma personalidade para lançar um livro deste tipo, garante Luísa Geão, country manager de Portugal. Afinal, trata-se uma organização relativamente conservadora, justifica. O interesse que identificaram em Portugal e o “poder de influência” da apresentadora ajudaram. Luísa Geão defende que vale a pensa explorar qualquer veículo que motive as pessoas a tomar iniciativa.

“A Luísa, como é mais teimosa do que eu, conseguiu convencê-los”, brinca Cristina Ferreira. “Tiveram de ter acesso a todo o meu percurso. Foi também da minha história que eles gostaram.”

A prova final de Cristina foi um dos testes da Cambridge English (o B1 Preliminary), nos quais cinco milhões de pessoas se inscrevem por ano, inclusive 17 mil em Portugal. “As lágrimas que me saíram quando me disseram que tinha passado [no teste] foram pelo sentimento de batalha conquistada”, conta. “Quando vou nos aviões já não ponho legendas. São passinhos que vou dando. Isto é para continuar. Não parei as aulas.”

“Obviamente não há alternativa a um verdadeiro curso”, ressalva Jonathan Munro . “Mas esperamos [o livro] que dê confiança e motive as pessoas.”

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