Museu do Prado
É bicentenário, mas fascina. Doze fotógrafos revelam o "Museu do Prado oculto"
Exposição Doze Fotógrafos no Museu do Prado, descrita pelo curador Francisco Calvo Serraller como "um bom prólogo do bicentenário", inclui obras de Cristina de Middel, Joan Fontcuberta e Pierre Gonnord
Arrancam esta segunda-feira as comemorações do bicentenário do Museu Nacional do Prado, em Madrid, que abriu portas, pela primeira vez, no ano de 1819.
A exposição Doze Fotógrafos no Museu do Prado, que é composta por 24 fotografias de 12 relevantes fotógrafos espanhóis, tem como objectivo “revelar um Prado oculto”, refere o curador Francisco Calvo Serraller num dos vídeos institucionais relativos à mostra, que se encontram publicados no site oficial do Museu. “Procurámos convidar um conjunto de fotógrafos heterogéneo, composto por pessoas de diferentes gerações e que representassem vários estilos fotográficos.”
As fotografias de Cristina de Middel, Joan Fontcuberta, Pierre Gonnord, José Manuel Ballester, Bleda y Rosa, Javier Campano, Alberto García-Alix, Chema Madoz, Isabel Muñoz, Aitor Ortiz, Pilar Pequeño e Javier Vallhonrat foram criadas com o objectivo específico de servir de ponto de partida para o diálogo sobre a relação entre o presente e o passado, dentro do espaço do museu. “Propõem uma reflexão sobre as obras, o ambiente que as rodeia, sobre o edifício que as protege e as pessoas que as vêem”, explica o comissário.
Cristina de Middel, que foi há poucos meses entrevistada pelo PÚBLICO, debruçou-se sobre os retratos de membros da família real espanhola que se encontram expostos no Museu Nacional do Prado. Middel, especializada em fotografia documental, sobrepôs, com recurso à técnica de dupla exposição fotográfica, dois retratos de membros da família real com a intenção de evidenciar as semelhanças nos seus traços fisionómicos – numa alusão à endogamia e à perpetuação do poder.
Joan Fontcuberta, cujo trabalho se ocupa do conflito entre a natureza, a tecnologia, a fotografia e a verdade, tratou o tema da “patologia da imagem”, buscando a imperfeição no local onde essa escasseia. “Procuro o dano que evidencia a passagem do tempo”, refere no vídeo.
Pierre Gonnord retatou os visitantes do museu. Já Javier Vallhonrat, conhecido pela sua exploração do limite da linguagem fotográfica, optou por fundir vários fragmentos de quadros expostos no museu num só ambiente, numa quadrícula que prima pela continuidade dos elementos presentes na imagem e pela relação orgânica que se estabelece entre eles.
A exposição, descrita por Serraller como “um bom prólogo do bicentenário”, é a terceira assente nos mesmos preceitos; em 1991 realizou-se a primeira edição de Doze Fotógrafos no Museu do Prado e, em 2007, a segunda. A presente já se encontra em exibição e poderá ser visitada até 13 de Janeiro de 2019.